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terça-feira, 10 de abril de 2012
ELIANE CANTANHÊDE
Arrastão
BRASÍLIA - Do governador Marconi Perillo à repórter Christiane Samarco: "Todos os políticos importantes de Goiás tiveram alguma relação com Cachoeira".
É, evidentemente, uma tentativa de "hedge": já que "todos" tiveram, por que o próprio Perillo não teria? Mas é também uma confirmação dos tentáculos de Cachoeira, o empresário suprassetorial, suprapartidário e de mil e uma utilidades.
Daí por que tem tudo a ver o pedido do senador Vital do Rego, corregedor e ex-quase presidente do Conselho de Ética do Senado, para o Supremo liberar informações sobre parlamentares envolvidos com o esquema do Cachoeira.
A resposta do ministro Ricardo Lewandowski foi correta: isso só pode ser feito via Comissão Parlamentar de Inquérito. E foi suficiente para o chute inicial numa CPI. O senador Walter Pinheiro (PT-BA) já está em campo coletando assinaturas.
Como dito aqui desde o início, esse Cachoeira é mesmo uma torrente de escândalos. É por isso que um senador pede a relação de envolvidos, outro começa a coletar assinaturas e todos se dizem indignados, mas, no fundo e no raso, ninguém quer, de fato, CPI. O risco é surgirem cobras e lagartos -além de tucanos, petistas, democratas, peemedebistas. Uma cachoeira de implicados.
Demóstenes caiu do pedestal, partiu-se em pedaços, virou pó. Ou renuncia ou será cassado, é questão só de timing. Ele precisa ganhar tempo enquanto tenta anular as provas no Supremo, sob alegação de que o suspeito era Cachoeira, e ele, um senador, não poderia ser gravado durante meses a fio.
Demóstenes, portanto, já era. A questão é que não apenas "todos os políticos importantes de Goiás" mas uma multidão de poderosos em sabe-se lá quantos Estados está enrolada, sob suspeição.
Quem sai na chuva -e vai à cachoeira- é para se molhar. O Congresso está encharcado, tremendo de frio.
elianec@uol.com.br
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