sábado, 21 de abril de 2012



21 de abril de 2012 | N° 17046
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES

Ontem e Hoje

Para a Anitinha

Quanta coisa o Uruguai

Vem trazendo do passado

Como um barco naufragado

Como um grito estrangulado

Na garganta – um sapucay.

Um índio que não me sai

Da memória, já me viu

No inverno louco de frio

E no verão com calor

Mas sempre com muito amor

Nas barrancas deste rio.

O Passado e o Futuro,

Amanhã, como será?

Somente Deus saberá

Do meu desejo mais puro.

Este índio pelo duro

Nascido lá no Inhanduy

Tem uma certeza aqui,

Porque desde que nasci

Escolhi o meu caminho

E sempre que estou sozinho

Eu estou pensando em ti.

Tu és Presente e Futuro

E eu sou agora o Passado,

Fantasma de pé quebrado,

Clarão de luz no escuro.

Tu és um mundo mais puro,

Não posso te acompanhar.

Vou partir, tu vais ficar,

Tens o futuro na mão.

Tu és a próxima estação

Na qual eu não vou chegar.

Mas eu te amei tanto e tanto,

Amada, esposa e irmã.

Tu és o lindo Amanhã

Que me espreita nalgum canto

E nisso está seu encanto

Que eu jamais esquecerei.

Há uma coisa que eu bem sei

Porque tenho bem gravado:

Partindo, eu levo o Passado.

Tu ficando, eu ficarei.

41ª Barranca, São Borja,

07 de abril de 2012.

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