quarta-feira, 25 de abril de 2012



25 de abril de 2012 | N° 17050

PAULO SANT’ANA

O povo mais feliz do mundo

    Ignorado pelos roteiros turísticos tradicionais, um país chamado Butão, pequeno reino do Himalaia, localizado entre a China e a Índia, na Ásia, é uma das nações mais pobres do mundo.

    O Butão no entanto, apesar de ser uma das nações mais pobres do mundo, tem fome zero, analfabetismo zero, índice de violência insignificante e não apresenta nenhum mendigo nas ruas.

    Não há no Butão nenhum indício de corrupção administrativa e o povo adora o rei, Jigme Kheser, o quinto em cem anos de monarquia.

    A felicidade no Butão, entretanto é levada a sério no país, que tem como política o que eles chamam de Felicidade Interna Bruta, em inglês Gross National Happiness.

    Ao Estado, cabe somente prover as condições necessárias para que a população possa se concentrar na busca da felicidade, por meio dos ensinamentos do budismo.

    O Butão tem apenas 725.940 habitantes, pelo último censo.

    Butão, o pequeno reino, é menor em território do que o Rio de Janeiro. O salário mínimo no Butão é de menos de US$ 100.

    Estatísticas internacionais confiáveis atestam que os butaneses são um dos 10 povos mais felizes do mundo.

    Não é de se estranhar que os butaneses sejam felizes. É permitido, tanto às mulheres quanto aos homens, casar-se várias vezes ao mesmo tempo, ou seja, é livre tanto a poligamia quanto a poliandria.

    Ninguém é de ninguém no Butão.

    Quando soube disso, fiquei a me indagar se um país tem o dever de procurar alcançar o maior Produto Interno Bruto possível ou se, ao contrário, tem o dever singelo de conquistar a maior Felicidade Interna Bruta, caso do Butão. Sou adepto fervoroso da segunda hipótese, o dever filosófico do homem não é ser o mais rico e sim o mais feliz.

    Fica, assim, comprovado que as nações mais felizes do mundo não o são por sua riqueza, mas por seus costumes, sua educação, sua religião, seus princípios.

    No Butão, por exemplo, não tem previdência social, portanto não tem aposentadoria, lá eles resolvem seus problemas com os jovens ajudando financeiramente os velhos, abrigando-os e fornecendo-lhes sustento. Mas isso não é estupendo?

    É tradição no país que os mais jovens morem nas casas dos pais e sustentem os mais velhos.

    Que lugar maravilhoso esse Butão. Não tem miséria e uma mulher pode casar-se ao mesmo tempo com quatro homens, quantos quiser. O homem pode casar-se com cinco ou seis mulheres, não importa o número de esposas.

    Eles são felizes porque seguem os ensinamentos de Buda, porque não se fartam de suas esposas e esposos, um dia dormem com uns, outro dia dormem com outros, sem nenhum deles separar-se.

    Mas que coisa bonita, isso é o paraíso na terra para mim. Lá não há crimes, não há miséria e todos praticam a religião.

    Enquanto o Butão dá esta lição de realização e felicidade ao resto do mundo, aqui, nas nações ocidentais, é esta briga por ser mais próspero, mais rico, mas sábio. Sabendo-se agora, pelo que se conta do Butão, que a felicidade tem de ser procurada de outra forma.

    O que se vê aqui entre nós, ocidentais, é uma luta sem trégua para atingir o maior índice de Produto Interno Bruto. O que se traduz por criminalidade intensa, tráfico de drogas, miséria, pobreza, ausência de solidariedade etc.

    Fiquei, ontem, quando soube do que acontece no Butão, com uma vontade louca de me mudar para lá.

    Ah, mais um dado sobre o Butão: é livre a plantação de maconha. Mas sabem o que eles fazem com a maconha? Alimentam com ela os porcos.

    O que deve ter de porco doidão lá no Butão!

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