20
de abril de 2012 | N° 17045
PAULO
SANT’ANA
Bandalheira
geral
A
notícia que chegou esses dias de Natal, Rio Grande do Norte, é espantosa: dois
desembargadores meteram a mão em R$ 11 milhões que estavam reservados para
pagar precatórios, transferiram corruptamente esse dinheiro para “laranjas”,
deixaram na mão as pessoas a quem cabia a verba.
Quer
dizer, então, que centenas de pessoas estavam na fila para receber os
precatórios e dois desembargadores não só furaram a fila, mas também tomaram
para si o dinheiro ilegalmente, locupletando-se?
Esses
dois senhores, a ser comprovada a notícia, mereciam a pena de morte. Quem faz
isso ou falsifica medicamentos merece a pena de morte: pela gravidade do crime
que cometeram.
Por
isso é que milhares de pessoas preconizam para o Brasil uma ditadura justa. Sei
que não pode haver uma ditadura justa, mas esta democracia dos que ganham mais
do que os outros no serviço público, dos que têm seus ganhos reajustados todos
os anos no serviço público, enquanto milhares de outros servidores passam anos
sem ganhar qualquer reajuste – esta democracia dos que roubam descaradamente as
verbas públicas, dos que ganham propina no serviço público, encarecendo em
dobro os custeios, esta democracia não serve.
Eu
sei que a culpa não é da democracia, mas o povo tem o direito de desanimar. É
demais. Estão abusando demais.
Nem
sei como o povo não se mobiliza e se revolta contra essa bandalheira geral.
Quando
não é corrupção, é privilégio.
Quando
não é desfalque, é propina.
Quando
não é concorrência fraudada, é superfaturamento.
Não
dá mais para aguentar!
A
sociedade civilizada se organiza em todos os lugares, mas aqui os
atravessadores entram em cena e incivilizam a sociedade com suas trampas.
Os
contribuintes, os cidadãos, desanimam. Isso não poderia continuar assim.
O
noticiário que vem de Brasília é assustador: agora mesmo, mandam de lá notícias
de que figuras respeitáveis da República querem se aproveitar da
inevitabilidade da instauração da CPI do Cachoeira para se beneficiar
politicamente. É demais. Gente querendo se valer de uma CPI necessária para
tirar vantagem política e eleitoral.
É
demais.
Tem
de haver uma limpeza geral no serviço público, os corruptos não podem
permanecer à testa das repartições, as punições têm de ser rigorosas. E os
privilégios vergonhosos têm de cessar.
O
desespero da gente é tanto com essa corrupção, que se chega a quase a pregar
que se use de ilegalidade para colocar um termo nessa vergonheira. Sei que
tenho o dever de pregar a legalidade, mas parece que a legalidade é
insuficiente para conter tanta sujeira no serviço público, com as verbas
públicas, que deveriam ser distribuídas entre todos mas são desviadas para os
bolsos dos espertalhões.
Essa
dos dois desembargadores que desviaram R$ 11 milhões dos precatórios é de cabo
de esquadra.
Falta
vergonha e sobra safadeza.
O
crime de roubar dinheiro do povo tinha de ter punição agravada.
O
público sonha com pena de morte para esse crime.
Se
houvesse pena de morte para esse crime, com certeza os seus futuros e prováveis
autores pensariam duas vezes antes de cometê-lo.
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