sábado, 14 de abril de 2012



15 de abril de 2012 | N° 17040
ENTREVISTA


Os romances de um romântico

Autor com 80 milhões de livros vendidos, Nicholas Sparks teve sete dos seus 18 títulos adaptados para o cinema, entre eles o sucesso Diário de uma Paixão

Nicholas Sparks talvez seja um best-seller mais visto do que lido. Apesar dos impressionantes 80 milhões de livros vendidos em todo o mundo, o autor americano pode se gabar de outro feito: sete de seus 18 títulos já foram adaptados com sucesso para o cinema.

Não à toa, chegam quase simultaneamente ao Brasil o filme mais recente da safra e seu novo romance que também deverá ser levado às telas em breve.

O segredo de tamanha popularidade entre leitores e espectadores? O amor mais romântico possível, com direito a grandes encontros e desencontros, paixões proibidas que adormecem para despertar anos mais tarde, heróis obcecados por (re)encontrar a mulher amada.

Eis aí o resumo de boa parte das histórias que celebrizaram Nicholas Sparks, como os livros/filmes Diário de uma Paixão, Noites de Tormenta e Um Amor para Recordar. Um Homem de Sorte, que estreia em maio nos cinemas do Brasil, com Zac Efron no elenco, e O Melhor de Mim, romance lançado no Brasil pelo selo Arqueiro, seguem na mesma trilha.

Em entrevista por e-mail, o escritor que vive com a mulher e os cinco filhos na Carolina do Norte falou de seu mais novo livro.

Donna – Todos os seus livros partem do pressuposto de que o acaso tem um papel fundamental no futuro dos personagens. O senhor acredita em destino, ou o valor do destino é apenas narrativo?

Nicholas Sparks – O destino é simplesmente a coincidência das escolhas que fazemos previamente, e a maior parte dos meus livros lida com esta questão porque isso é real. É parte da vida de todo mundo. Todos têm coisas que lhes aconteceram, e todos fazem escolhas subsequentes e, pouco a pouco, a vida é vivida. Meus romances tendem a examinar a consequência das escolhas que fazemos.

Donna – Em O Melhor de Mim, o senhor conta a história de um casal forçado a se separar diante da desaprovação dos pais. E ainda acrescenta um elemento sobrenatural: fantasmas que parecem assombrar os dois. Por que essa decisão de explorar o gênero fantástico?

Sparks – Não é a primeira vez que acrescento elementos sobrenaturais a meus romances. Eu já havia feito isso em O Milagre, em Safe Heaven. Nos dois casos, nunca fica claro se o “sobrenatural” está realmente ocorrendo, ou se é simplesmente imaginação do personagem. Em O Melhor de Mim, Dawson é assombrado pelas memórias do seu passado. O elemento sobrenatural, então, pode ser real ou não, e escolho fazer isso apenas porque penso que deixa o romance muito melhor. Na verdade, simplesmente tento escrever o melhor romance que posso.

Donna – O senhor imagina as bases de seus livros antes de começar a escrever, como são seus métodos?

Sparks – Tenho uma visão clara do romance antes de escrever uma única palavra. Caso contrário, corro o risco de o livro desmoronar no meio do caminho, o que já aconteceu duas vezes. Dito isso, há cerca de 15 coisas que tenho que saber, sendo que tudo a respeito de cada uma delas pode ser resumido em uma única frase. Essas 15 frases são o suficiente para que eu comece e continue no rumo. São os elementos mais importantes. Tudo o mais eu decido enquanto estou escrevendo.

Donna – Em tempos de comunicação online, alguns de seus livros, mais exemplarmente Querido John, pontuam a narrativa com troca de cartas e a espera pelo correio. Por quê? O imediatismo da internet não combina tão bem com histórias românticas?

Sparks – Acho que há algo mais pessoal em uma carta escrita à mão. Parece mais real, mais permanente, de alguma forma. Ao mesmo tempo, isso pode, ocasionalmente, dar mais profundidade à história, nem que seja porque proporciona outro modo de a voz do personagem brilhar. Ao mesmo tempo, em At First Sight, mensagens via e-mail tiveram um papel importante na história.

Donna – Sete de seus livros já foram adaptados para o cinema. Em sua opinião, o que em seus romances atrai tanto os produtores e diretores?

Sparks – Os estúdios estão interessados em fazer dinheiro, e tenho tido sorte pelo fato de que cada filme adaptado da minha obra tem sido um sucesso. Por eu ter uma história de sucesso, estúdios seguem adaptando meus livros. Dito isso, há algumas coisas em meus romances que os estúdios parecem gostar: os personagens são o centro da história, o que significa que bons atores geralmente querem atuar nas produções, os orçamentos são razoáveis, e eles ocupam um nicho particular nos estúdios.

Donna – Hoje, quando o senhor escreve uma história, já imagina como ela poderia ser filmada?

Sparks – Eu tenho que fazer isso. Mas, no fim, sou um romancista, e minha ênfase principal é escrever o melhor romance que posso. E não posso controlar se um estúdio vai comprar os direitos de filmar um de meus romances.

Donna – Alguns autores tiveram experiências controvertidas com a adaptação de seus livros para a tela. Qual é sua opinião sobre os filmes inspirados em sua obra? O senhor tem alguma adaptação favorita?

Sparks – Tenho tido sorte, e todas as adaptações têm sido boas. Eles mantiveram o espírito e as intenções da história e dos personagens, e os filmes têm feito sucesso. Não poderia pedir nada mais do que isso. Nem é possível para mim escolher minha adaptação favorita, embora se eu tivesse que escolher, diria que Diário de uma Paixão é o filme que mais poderia ser considerado um clássico.

Donna – Seus livros são sobre amores proibidos, encontros e desencontros memoráveis e personagens com grande capacidade para amar e se sacrificar em nome do amor. São um tipo de romance que goza de apelo popular, mas nem sempre é visto com o mesmo entusiasmo pelos críticos.

Sparks – Alguns críticos não gostam do meu trabalho, mas 80% deles gostam. Tenho tido muita sorte com a maioria das críticas. Quanto aos que não gostam de meus romances, não há nada que eu possa dizer. Nem as críticas negativas me incomodam. Críticas, boas ou más, fazem parte do processo. Além disso, no fim, é mais importante para mim que meus leitores gostem dos livros.

Donna – Você escreve histórias românticas. Também é um romântico em sua vida amorosa?

Sparks – Tento ser. Minha esposa ama gestos românticos, e eu amo minha esposa. Tento surpreendê-la com alguma coisa – um recado, flores, uma ligação inesperada, um gesto que ela aprecia.

CARLOS ANDRÉ MOREIRA E PATRÍCIA ROCHA

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