CÁSSIO
STARLING CARLOS - CRÍTICO DA FOLHA
Wayne Wang escapa do exotismo óbvio
em conto sobre situação feminina na China
País
de misteriosas tradições e potência econômica capitalista, duas das imagens
mais difundidas da China, se sobrepõem e se complementam em "Flor da Neve
e o Leque Secreto". Passado e presente ressoam um no outro e revelam as
rupturas e continuidades por meio de duas histórias que se assemelham.
No
centro dos dois relatos, encontram-se figuras femininas e uma tradição que
aproxima opostos ou diferenças.
No século
19, Flor da Neve e Lírio, de origens sociais distintas, padecem a imposição
tradicional que valoriza pés pequenos e delicados e as obriga a tolerar
sofrimentos.
O "laotong",
laço que une duas mulheres de modo eterno, as manterá ligadas, apesar de os
destinos individuais imporem vidas separadas.
Em
paralelo, na Xangai de hoje, Nina e Sophia, também unidas pelo "laotong"
e interpretadas pelas mesmas atrizes da outra história, representam a
solidariedade numa sociedade orientada por princípios individualistas.
O
filme prolonga uma fértil tradição de melodramas que distinguiu o cinema chinês
desde os anos 20 com tramas em que destinos femininos e história coletiva se
cruzam e se refletem.
Wayne
Wang aborda com sobriedade um material que poderia sufocar sob o peso dos
simbolismos nas mãos de um cineasta óbvio. Essa opção permite que, em vez do
exotismo pronto para consumir, "Flor da Neve e o Leque Secreto" expresse
mais do que aparenta sua superfície.
FLOR
DA NEVE E O LEQUE SECRETO
DIREÇÃO
Wayne Wang
PRODUÇÃO
China/EUA, 2011
ONDE
Espaço Itaú - Frei Caneca, Iguatemi Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO
12 anos
AVALIAÇÃO
bom
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