Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
Jaime Cimenti
Vida urgente
Domingo, cinco da madrugada, toque de telefone. Não é minha filha pedindo carona. A amiga dela diz que ela está no HPS, com uma fratura no fêmur. Acidente. Urgência, traumato, radiografia, pessoas gemendo, macas.
Dificuldade para conseguir um médico, um leito, um hospital, mesmo particular ou convênio. Penso que poderia ter sido pior, muito pior. Paralalisia, morte. Agradeço ao anjo da guarda e a Deus. Muitas horas depois, duas da tarde, ambulância e Hospital de Clínicas, uma ótima casa de saúde. Agradeço a Deus, de novo.
Fratura de trocânter, proeminência do fêmur. Indicação de cirurgia ou meses numa cama. Optamos por cirurgia. Um dia depois, tarde da noite, estamos no quarto, rezando e aguardando pelo resultado da cirurgia. Leio no jornal uma entrevista de Judith Scliar, viúva do escritor Moacyr. Lembro que ele esteve no Hospital de Clínicas, onde passou seus últimos dias, há coisa de um ano. Pergunto para a recepção o número do apartamento onde ele ficou.
Ela responde 340. O apartamento fica a poucos metros de onde estou. Caminho pelo corredor até lá. A auxiliar me diz que o apartamento está vazio. Peço para ela abrir um pouco a porta, dizendo que gostaria de ver onde o mestre e amigo imaginou as últimas cenas, personagens e palavras.
Auxiliar experiente, entende meu pedido carinhoso e respeitoso. O silêncio do quarto, a presença incorpórea do escritor e as lembranças me animam e inspiram coisas boas. Sigo. Na ampla sala de espera do hospital, com janelões e arquitetura que lembram Brasília, dois jovens dormem nos sofás de couro sintético.
No mural do andar, cartazes sobre cursos, atividades e informações sobre as aulas de inglês para médicos da professora Judith Scliar. De volta ao apartamento da minha filha, encontro minha mulher, e esperamos pelo médico, enquanto fico lembrando do anão, do centauro e de mil fantasias e sonhos do Scliar. Mais ou menos à uma da madrugada o doutor chega e nos diz que foi tudo bem, que a garota vai voltar a caminhar sem problemas. Respiramos.
Obrigado doutor Carlos Roberto Galia e equipe, obrigado aos exemplares funcionários do Clínicas, aos familiares e amigos, obrigado a Deus e à vida, que por vezes é uma graça, por vezes é triste, por vezes graça-triste, mas sempre a coisa maior, só menor que o amor.
Jaime Cimenti
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