terça-feira, 24 de abril de 2012


Karine Pansa

A rosa da sabedoria

Houve, entre 2009 e 2010, um aumento de 8,3% no número de livros comercializados no Brasil. Enquanto isso, o preço médio do livro está caindo. Erevan, sede do governo e maior município da Armênia, assumiu oficialmente ontem, 23 de abril, a condição de capital mundial do livro de 2012, sucedendo Buenos Aires.

Nessa data, transcorre o Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor, instituído em 1995 e comemorado desde 1996 pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que a cada ano outorga o título a uma cidade.

Para os brasileiros, principalmente os paulistanos, a comemoração em 2012 é tão especial quanto para o povo armênio, pois teremos a 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o grande momento da leitura em nosso país.

O evento contribuirá para que o acesso ao livro continue crescendo, conforme tendência revelada na última edição da Pesquisa sobre Produção e Vendas do Mercado Editorial Brasileiro: expansão, entre 2009 e 2010, de 8,3% do número de exemplares comercializados, considerando-se apenas o movimento em livrarias, internet e porta a porta, dentre outros canais, excluindo compras governamentais e de entidades sociais.

Por outro lado, o faturamento relativo a esse recorte mercadológico da comercialização sofreu um decréscimo real de 2,24% (já descontada a inflação). Isso significa que o preço médio do livro diminuiu 4,42% em 2010.

Entre 2008 e 2009, a pesquisa anual da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), realizada pela Fipe, já havia registrado redução de 3,52% nos preços.

Os números evidenciam que a atividade do setor editorial transcende em muito ao universo dos negócios. Não basta produzir e vender livros. É preciso viabilizar a multiplicação do acesso à leitura.

Ler deve ser um direito inerente à cidadania e uma ferramenta de disseminação da cultura, do aperfeiçoamento da educação e da garantia de independência.

Com certeza, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo contribui muito para o sucesso dessa meta, dada a sua dimensão, alcance, atratividade de novos leitores e capacidade de despertar o gosto pelas letras em milhares de crianças, jovens e adultos.

Por essa razão, o evento é uma das mais relevantes ações da Câmara Brasileira do Livro (CBL) no exercício de seu compromisso de viabilizar a democratização da leitura. Essa é uma responsabilidade que o setor privado, por meio de suas entidades de classe, tem de compartilhar com o poder público.

Portanto, há este ano, no Brasil, um caráter ímpar para o Dia Mundial do Livro, que enaltece a imortalidade de Cervantes e Shakespeare, falecidos em 23 de abril de 1616, e celebra o nascimento de autores como Maurice Druon, K. Laxness, Vladimir Nabokov, Josep Pla e Manuel Mejía Vallejo.

Além da vida e obra desses grandes nomes da literatura, outra ideia inspiradora da Unesco para instituir a data advém da tradição catalã, na Espanha, de, também nesse dia, dar uma rosa a quem compra um livro. É a rosa da sabedoria, da liberdade e do desenvolvimento.

KARINE PANSA, 35, empresária do setor editorial, é presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL)

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