Karine Pansa
A
rosa da sabedoria
Houve, entre 2009 e 2010, um aumento de 8,3% no número de
livros comercializados no Brasil. Enquanto isso, o preço médio do livro está caindo.
Erevan, sede do governo e maior município da Armênia, assumiu oficialmente
ontem, 23 de abril, a condição de capital mundial do livro de 2012, sucedendo
Buenos Aires.
Nessa data, transcorre o Dia Mundial do Livro e dos Direitos
do Autor, instituído em 1995 e comemorado desde 1996 pela Unesco (Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que a cada ano
outorga o título a uma cidade.
Para os brasileiros, principalmente os paulistanos, a
comemoração em 2012 é tão especial quanto para o povo armênio, pois teremos a 22ª
Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o grande momento da leitura em
nosso país.
O evento contribuirá para que o acesso ao livro continue
crescendo, conforme tendência revelada na última edição da Pesquisa sobre Produção
e Vendas do Mercado Editorial Brasileiro: expansão, entre 2009 e 2010, de 8,3%
do número de exemplares comercializados, considerando-se apenas o movimento em
livrarias, internet e porta a porta, dentre outros canais, excluindo compras
governamentais e de entidades sociais.
Por outro lado, o faturamento relativo a esse recorte
mercadológico da comercialização sofreu um decréscimo real de 2,24% (já descontada
a inflação). Isso significa que o preço médio do livro diminuiu 4,42% em 2010.
Entre 2008 e 2009, a pesquisa anual da Câmara Brasileira do
Livro (CBL) e Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), realizada pela
Fipe, já havia registrado redução de 3,52% nos preços.
Os números evidenciam que a atividade do setor editorial
transcende em muito ao universo dos negócios. Não basta produzir e vender
livros. É preciso viabilizar a multiplicação do acesso à leitura.
Ler deve ser um direito inerente à cidadania e uma
ferramenta de disseminação da cultura, do aperfeiçoamento da educação e da
garantia de independência.
Com certeza, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo
contribui muito para o sucesso dessa meta, dada a sua dimensão, alcance,
atratividade de novos leitores e capacidade de despertar o gosto pelas letras
em milhares de crianças, jovens e adultos.
Por essa razão, o evento é uma das mais relevantes ações da
Câmara Brasileira do Livro (CBL) no exercício de seu compromisso de viabilizar
a democratização da leitura. Essa é uma responsabilidade que o setor privado,
por meio de suas entidades de classe, tem de compartilhar com o poder público.
Portanto, há este ano, no Brasil, um caráter ímpar para o
Dia Mundial do Livro, que enaltece a imortalidade de Cervantes e Shakespeare,
falecidos em 23 de abril de 1616, e celebra o nascimento de autores como
Maurice Druon, K. Laxness, Vladimir Nabokov, Josep Pla e Manuel Mejía Vallejo.
Além da vida e obra desses grandes nomes da literatura,
outra ideia inspiradora da Unesco para instituir a data advém da tradição catalã,
na Espanha, de, também nesse dia, dar uma rosa a quem compra um livro. É a rosa
da sabedoria, da liberdade e do desenvolvimento.
KARINE PANSA, 35, empresária do setor editorial, é presidente
da Câmara Brasileira do Livro (CBL)
Nenhum comentário:
Postar um comentário