domingo, 29 de abril de 2012


CARLOS HEITOR CONY

Um centenário

RIO DE JANEIRO - Cientista político, sociólogo de fama, palestrante disputado pelas faculdades, professor emérito de duas universidades, Ph.D em história e economia, somente ele poderia ser convidado para falar sobre Nelson Rodrigues, cujo centenário estamos comemorando.

Com sua potente voz, sua pronúncia maravilhosa de qualquer idioma asiático, assumiu a tribuna e começou:"Serei breve. Nelson Falcão Rodrigues nasceu em 1912, dez anos antes da Semana de Arte Moderna e da fundação do Partido Comunista Brasileiro.

Dois anos depois, o estudante Gravilo Princip mataria a tiros o arquiduque da Áustria, em Sarajevo, provocando uma guerra mundial que só terminaria quatro anos depois, gerando o Tratado de Versalhes, que irritou a Alemanha com o peso das indenizações que criaria os elementos principais para o surgimento do nazismo, com suas atrocidades que culminariam no Holocausto do povo judeu.

Foi também o ano do naufrágio do Titanic, que levou para os abismos do Atlântico Norte centenas de vítimas que confiavam no navio mais seguro produzido pela tecnologia da época. Dezoito anos após, tivemos a Revolução de 30, que desalojou do poder a Velha República.

Nem se passaram dois anos e tivemos a revolução paulista, que exigia uma Constituição, a qual, cinco anos mais tarde, seria rasgada por um ditador que criaria um Estado Novo, que só acabaria em 1945,

com o fim de mais uma guerra mundial, marcada pelo início da era nuclear, com a explosão da bomba atômica em Hiroshima.

Foi neste contexto histórico, núcleo inamovível do século 20, o século da penicilina, do assassinato de Kennedy, do Concílio Vaticano 2º e da bossa nova, que nasceu o nosso homenageado de hoje".

Palmas. O orador é efusivamente cumprimentado.

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