CARLOS
HEITOR CONY
Um centenário
RIO
DE JANEIRO - Cientista político, sociólogo de fama, palestrante disputado pelas
faculdades, professor emérito de duas universidades, Ph.D em história e
economia, somente ele poderia ser convidado para falar sobre Nelson Rodrigues,
cujo centenário estamos comemorando.
Com
sua potente voz, sua pronúncia maravilhosa de qualquer idioma asiático, assumiu
a tribuna e começou:"Serei breve. Nelson Falcão Rodrigues nasceu em 1912,
dez anos antes da Semana de Arte Moderna e da fundação do Partido Comunista Brasileiro.
Dois
anos depois, o estudante Gravilo Princip mataria a tiros o arquiduque da Áustria,
em Sarajevo, provocando uma guerra mundial que só terminaria quatro anos
depois, gerando o Tratado de Versalhes, que irritou a Alemanha com o peso das
indenizações que criaria os elementos principais para o surgimento do nazismo,
com suas atrocidades que culminariam no Holocausto do povo judeu.
Foi
também o ano do naufrágio do Titanic, que levou para os abismos do Atlântico
Norte centenas de vítimas que confiavam no navio mais seguro produzido pela
tecnologia da época. Dezoito anos após, tivemos a Revolução de 30, que desalojou
do poder a Velha República.
Nem
se passaram dois anos e tivemos a revolução paulista, que exigia uma Constituição,
a qual, cinco anos mais tarde, seria rasgada por um ditador que criaria um
Estado Novo, que só acabaria em 1945,
com
o fim de mais uma guerra mundial, marcada pelo início da era nuclear, com a
explosão da bomba atômica em Hiroshima.
Foi
neste contexto histórico, núcleo inamovível do século 20, o século da
penicilina, do assassinato de Kennedy, do Concílio Vaticano 2º e da bossa nova,
que nasceu o nosso homenageado de hoje".
Palmas.
O orador é efusivamente cumprimentado.
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