BARBARA
GANCIA
Quem desceu o rio com
Ideli?
Veja
como fala! O fofucho da mami é um senador da República diferenciado
OLÁ.
Você não me conhece, meu nome é Barbara e eu sou a mãe do senador Demóstenes
Torres.
Resolvi
vir aqui hoje, egrégio leitor da Folha, para defender meu pimpo das acusações
horrendas que lhe estão sendo imputadas. Povinho mais ingrato da onça da mão
torta, vou contar. Na hora de ir lá se amontoar em cima dele para pedir favor,
ninguém questionava o caráter do meu filhote.
"Dedê,
consegue para mim?", "Dezinho, descola aquela audiência,
pelamor?", "Demô, e a nomeação?", era só esse tipo de recado que
eu pescava quando esbarrava sem querer no botão da secretária eletrônica dele
nas vezes em que passava espanador.
A Flávia
não gosta, me considera um angu de sogra. Mas não fosse a mãe dedicada que sou,
você acha que Dedoca teria saído esse primor de homem público? Bem-educado
igual ao meu filho, modestamente, não tem nem Geraldo Alckmin.
Meu
filho tem berço, não aquela coisa esparramada que toma o ambiente todo como
(que ninguém nos ouça) Pedro Simon (pronto, falei), não é mesmo? Vai dizer que
um Valdemar Costa Neto ou um Agripino Maia tiveram uma mãe zelosa nos detalhes
da etiqueta como euzinha? É claro que não.
O Brasil
sempre teve orgulho do meu Demóstenes. E agora o tratam como se ele fosse uma
espécie de canibal de Garanhuns, um comedor de empadas recheadas de Jéssica, um
Jeffrey Dahmer do Centro-Oeste, um caça pataca, um pilha pilcha, um puxa
tuncum, um degusta tusta qualquer que sai por aí correndo atrás de todo metal
que reluz.
Só
está faltando dizer que nadou pelado com o Stepan Nercessian nas cataratas do
Iguaçu e depois foi passear de lancha com a Ideli nas corredeiras do rio dos
Bois, que passa aqui ao lado da nossa Anicuns, no coração de Goiás.
Já
enxovalharam meu anjinho de tal forma que eu estou apenas esperando o dia da
publicação da "Quem" trazendo fotos suas ao lado de um Cavendish, um
Waterfall ou Westinghouse em alguma montagem tosca aos pés de Niagara Falls.
Quando
não é Land Rover, é barco de pesca, passeio de helicóptero, carona em jatinho e
agora mais essa de Delta. É asa-delta isso aí? Olha, meu filho foi escoteiro,
coroinha e jogador de polo aquático.
Na
época, tinha uma cabeleira parecida com a da Rosana Garcia no "Sítio do
Pica-Pau Amarelo", uma graça. Mas, de tanto contato com o cloro da
piscina, caiu tudo. Foi um drama, em casa evitamos falar no assunto.
E
agora o pessoal vem dizer que os amigos dele fazem conchavo em bar de hotel?
Olha, não dá para engolir. Meu filho não se dá com esse tipo de gente. Até
parece que ele tem a ver com o tipo de senhora colombiana que caiu no
bunga-bunga com os seguranças do Obama na 6ª Cúpula das Américas de Cartagena.
Estão achando que meu pimpolho é de trocar favor por iPhone?
Como
assim? O que foi que eu fiz de errado? Educação ele tem, sempre olhei suas
notas, mandei para a aula de inglês, tudo direitinho. Ainda esta semana fui
entregar um pavê lá na casa dele (espero que Flávia não diga que foi ela que
fez). Meu fofucho é um senador da República diferenciado, percebe?
Continuo
desempenhando meu papel. Não vejo como possa ter falhado, procuro ser útil na
medida do possível. Não vão nos acusar de falta de estrutura familiar como no
caso do Marcola, sabe? Difícil é ver meu Demostinho cumprir o papel que lhe
cabe quando a estrutura do teatro em que ele deveria atuar está corroída por
cupins. Dói demais isto tudo que estamos passando.
barbara@uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário