quinta-feira, 26 de abril de 2012



26 de abril de 2012 | N° 17051

PAULO SANT’ANA

Só há uma solução

    Chegamos ao ápice do caos no Presídio Central. As condições de tratamento aos presos são da mais profunda desumanidade, há centenas de detentos pacientes de aids e tuberculose, além de outras doenças graves, sem tratamento hospitalar. Instalou-se assim a mais completa desordem penitenciária no presídio.

    A Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, consciente de que à Justiça cabe a administração das penas da massa carcerária, intenta ingressar com representação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à OEA, denunciando esse estado de coisas no Presídio Central e responsabilizando por isso o governo do Estado.

    Na qualidade de jornalista e de ator social, autorizado por 40 anos desta coluna que escrevo dedicados a uma preocupação incisiva com a precariedade dos serviços penitenciários gaúchos, me permito lançar uma sugestão à Ajuris para evitar essa ação extrema ou mesmo, se ela for levada à frente, que seja enriquecida com um projeto de solução para esse caos, o mais iminente problema social gaúcho.

    A minha sugestão é de que a Ajuris leve ao governo do Estado a sugestão de que seja imediatamente privatizado o Presídio Central. Que seja construído um prédio novo pela iniciativa privada. Em último caso, inteiramente remodelado o prédio atual, embora a primeira alternativa seja a ideal.

    São décadas de administração pública gaúcha nos presídios, marcadas pelo inteiro fracasso do sistema, tanto sob o aspecto material quanto pelo insucesso fatal na ressocialização dos detentos.

    É chegada a hora de fazer cessar o caos e de implantar uma revolução no penitenciarismo gaúcho, a solução definitiva para esse problema antigo e angustiante.

    Entregando-se a construção e a administração do Presídio Central, as duas absolutamente entrelaçadas e indispensáveis, a uma empresa especializada em organização e administração de presídios, devidamente licitada, por esse caminho se percorre a única solução para esse drama terrível que nos assola.

    São inúmeros os casos de sucesso absoluto de administração de presídios por empresas privadas em nosso país e no Exterior.

    Basta de medidas paliativas no setor, que só aprofundam o caos. No caso gaúcho, todas elas marcadas pela administração pública em sucessivos e fracassados governos.

    É a hora da solução definitiva, a solução final. A minha ideia é a seguinte: partindo da Ajuris essa conclamação ao governo estadual, o governador Tarso Genro, que já deu umas três entrevistas manifestando-se contrário à privatização dos nossos presídios, entrevistas essas que se caracterizaram principalmente por dúvidas que o governador nutre a respeito, se encorajará a tomar a peito essa solução revolucionária e iluminada.

    A esse propósito deve se aliar o nosso Ministério Público, também responsável pela administração das penas.

    Governador Tarso Genro, está escrevendo esta coluna quem há décadas estuda o sistema penitenciário gaúcho e procura pelo menos artesanalmente encontrar soluções para esse dilema aterrador.

    Depois de demoradas e ingentes reflexões, cheguei à conclusão convicta de que só privatizando o Presídio Central poderemos pôr fim a essa chaga vergonhosa de nossa sociedade.

    Imploro assim à Ajuris e ao governador Tarso Genro que levem corajosamente à frente essa empreitada. Tudo o mais de diferente que se for fazer será a repetição dos fracassos.

    É preciso uma revolução no setor e eu juro que esta será a nossa redenção.

    E, aos que forem contra essa ideia, recordo que não há outra ideia plausível, as possíveis ideias que tiveram até agora só levaram à degradação do sistema pela administração pública caótica das cadeias.

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