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terça-feira, 17 de abril de 2012
17 de abril de 2012 | N° 17042
PAULO SANT’ANA
O bom humor
Há mulheres que seriam belíssimas se fossem simpáticas.
Uma mulher que conheço está enquadrada neste conceito, secretamente, saberá que estou me referindo também a ela.
E não estou me referindo a mulheres que não são simpáticas comigo. Refiro-me às mulheres que são antipáticas com todos.
Essas mulheres veem sua beleza completamente ofuscadas por sua antipatia.
E a beleza original delas é completamente desaparecida pela máscara de não se tornarem agradáveis, solícitas, dispostas à sociabilidade.
É possível que esse tipo de mulher se torne assim tão insociável porque tem consciência de sua beleza. Funciona, assim, desfavoravelmente a tal de megalomania.
Mas tão pronto se instala nelas uma agressiva antipatia, desaparece como por encanto a sua beleza.
Por sinal, deve ser por isso inerente ao conceito de beleza a simpatia.
Talvez seja exatamente por isso, aliás, que em certos concursos de beleza, além de ser pelo júri escolhida a mais bela, é também escolhida a Miss Simpatia.
Sem simpatia, há belas que se tornam feias.
Assim como, com simpatia, há feias que se tornam muito menos feias.
Um amigo meu me disse: “Sant’Ana, aquela mulher que estás vendo ali, a 20 metros daqui, era para ser bonita. Não o é porque insiste em ser antipática. Que desperdício! Ela não sabe o que está perdendo. O que a natureza deu-lhe de bom, o seu temperamento mudou para mau”.
Inteira razão tem meu amigo.
Por falar nisso, as minhas investigações sobre o comportamento humano constataram que é impossível a uma pessoa que não tenha bom humor ser simpática.
Ou seja, o bom humor é o tempero da beleza. Sem bom humor, a beleza resta depauperada, ensombrecida, obnubilada.
Por lógico, quem não tem bom humor passa a ser uma pessoa que encontra muita dificuldade para relacionar-se.
Às vezes, deparo em alguns jornais com anúncios oferecendo colocação para pessoas de boa aparência.
Se eu fosse empresário e tivesse de recrutar pessoas para trabalhar na fachada da minha empresa, poria o seguinte anúncio: “Precisa-se de funcionários ou funcionárias bem-humoradas. Se não usa o sorriso como norma, nem adianta apresentar-se”.
Sendo assim, considero o bom humor essencial para qualquer profissão.
No entanto, como sou radialista, considero inarredável que todo bom radialista seja bem-humorado.
Os maiores radialistas que conheci ou que conheço eram e são bem-humorados.
Não existe nada pior no rádio para os ouvintes do que um apresentador mal-humorado, sem jogo de cadeiras, taciturno, não coloquial.
O mau humor deve ser obra de algum demônio que quis desgraçar na vida os seus portadores.
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