JOHANNA
NUBLAT - DE BRASÍLIA
"Internet dá margem a
equívocos", diz Martha Medeiros
Em
evento literário de Brasília, autora de "Divã" reclama da adulteração
de seus textos
Popular
entre mulheres de todas as faixas etárias -e com um bom número de fãs também no
leitorado masculino-, a escritora Martha Medeiros fez um desabafo na primeira
edição da Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília, comparando a
adulteração de textos à pichação.
"Eu
preferiria ser lida por menos gente, desde que minhas crônicas fossem lidas nos
livros e nos jornais. Inteiras. Ler na internet é dar margem a equívocos
enormes", disse anteontem à noite.
Além
de crônicas e contos, ela é autora do livro "Divã", sucesso que deu
origem a peça, filme e série de TV, todos com Lilia Cabral à frente.
Em
tom de desabafo bem-humorado, Medeiros diz que "a dedicação vai para o
ralo" quando uma palavra ou mesmo o final de suas crônicas é trocado, e o
texto ganha a internet como sendo autêntico.
"A
pessoa simplesmente decreta que não gostou do fim! Tem de ter louvação a Deus
ou ao amor. Fico tão envergonhada! Porque a grande maioria acha que você
escreveu aquela baboseira."
A
escritora disse reconhecer o potencial da internet, mas explicou seu
distanciamento das redes sociais.
"Não
me identifico com essa urgência de viver. Não abro mão da minha introspecção.
Hoje, a introspecção está sendo deixada de lado", disse.
Em
palestra que lotou um salão com capacidade para cerca de 350 pessoas -e no qual
mulheres eram maioria-, Medeiros falou sobre relacionamentos, seu tema-fetiche,
mas tentou desconstruir a imagem de que seria uma espécie de
"terapeuta" de seus leitores.
"É
uma confusão que as pessoas fazem, de que eu posso dar conselhos. Eu não tenho
nada de bem resolvida, é muito fácil ser bem resolvida por escrito",
disse.
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