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domingo, 24 de outubro de 2010
ELIANE CANTANHÊDE
Lula
BRASÍLIA - Lula continua batendo recordes de popularidade, sua candidata é franca favorita no próximo domingo, PT e PMDB têm a perspectiva de controlar o país por 20 anos. Mas, paradoxalmente, Lula sai da eleição menor do que entrou.
Surpreendem o ego, a falta de limites, o personalismo. Quanto mais esperava-se o estadista, mais cedeu ao populismo oportunista. Quanto mais o momento exigia grandeza, mais apequenou-se.
Bastou a eleição de Dilma ser dada como certa no primeiro turno, e lá foi Lula, vermelho, com ar de ódio, xingar a imprensa e conclamar o extermínio de adversários. Bastaram as pesquisas prevendo a vitória no segundo turno, e lá foi Lula, vermelho, com ar de ódio, acusar Serra de encenar "uma farsa", uma "mentira descarada".
Duplo erro: tentou transformar a vítima em réu e estimulou a militância petista a cair de pau.
Lula deveria ler as pesquisas e aprender com elas que Dilma e o lulismo vencem graças à votação maciça nas regiões e áreas mais manipuláveis, onde a Arena, o PDS e o PMDB já foram reis.
Enquanto isso, crescem entre os mais escolarizados a desilusão e a condenação ao estilo raivoso, à cultura da vitimização, às práticas de dossiês e falsificações da verdade, à ocupação do governo e das estatais como se fossem donos do país. É esse tipo de reinado que Lula almeja?
Com o governo bem-sucedido e 80% de apoio, cabia a Lula investir em princípios, na melhor prática eleitoral e na educação política dos brasileiros, não sucumbir à esperteza com Collors e Sarneys; confraternizar com as ditaduras de Cuba e Irã; cooptar as centrais sindicais e os movimentos sociais; jogar o governo, as estatais e a figura do presidente sem pudor na campanha.
Na reta final do primeiro e do segundo turno, Lula, com seus excessos, mais prejudicou do que ajudou Dilma. Quanto mais atua assim pela sua candidata, mais trabalha contra a própria imagem. Governos e eleições passam, a história fica.
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