quarta-feira, 6 de outubro de 2010



06 de outubro de 2010 | N° 16480
DAVID COIMBRA


O sorriso de Manuela

Osorriso da Manuela, aquele sorriso de fatia de melancia, de cem dentes faiscantes, foi aquele sorriso que seduziu meio milhão de pessoas no dia 3.

Meio milhão de pessoas.

Por mais que ela tenha trabalhado, e sei que trabalhou, por mais que seja coerente, e sei que é, por mais que faça Manuela, suas ações não conseguirão ter o poder do seu sorriso. O carisma do seu sorriso. Porque é um sorriso de meias promessas, é isso que é. Um sorriso que insinua, suavemente sensual. Um sorriso de quem diz sim.

As pessoas olham para o sorriso da Manuela e pensam: é impossível que uma pessoa sorrir assim e fazer algo de mau. Detrás deste sorriso só podem sair coisas boas, é o que pensam as pessoas. Aí votam nela.

Pois vou dizer: são muitas as avaliações que os eleitores fazem na hora de votar. Essa é uma das mais inteligentes. Quando você vota em alguém por SENTIR que aquela é uma boa pessoa, você está dando um bom voto.

Pensando bem, me diga aí: o que é um mau voto? Tome o tão criticado voto no Tiririca. Não é de protesto. Tiririca não é um Cacareco, aquele rinoceronte que ganhou cem mil votos paulistas nos anos 50. Não.

As pessoas votaram no Tiririca por um único motivo: porque o conhecem. Entre votar em um palhaço de TV que elas ouviram falar e viram se mexendo ou em algum desconhecido engravatado e de cabelo penteado para trás, optaram pelo Tiririca. Legítimo.

E o Danrlei? Danrlei é o atleta mais votado do Brasil. Fez mais votos do que Romário, que concorria em um colégio eleitoral maior, que já jogou em mais times, que já ganhou Copa do Mundo e já marcou mil gols, embora para isso tenha contado até gol em três-dentro-três-fora. Por que Danrlei fez tanto voto?

Porque os eleitores não votaram nele: votaram no Grêmio. As pessoas concluíram que, votando em Danrlei, o Grêmio, de alguma forma, pode ser beneficiado.

Também é uma aspiração legítima, por que não? Esse tipo de voto não faz mal algum à democracia. E receber esse tipo de voto não é demérito algum para Danrlei. Ao contrário: é mérito. Mas esse tipo de voto diz algo sobre o Rio Grande do Sul. Sobre o que é realmente importante, hoje, para tantos, no Rio Grande do Sul.

A explosão do Vulcão Krakatoa

O maior som que ouvidos humanos ou mesmo desumanos já ouviram na história do mundo foi a explosão do Vulcão Krakatoa, no século 19.

O vulcão entrou em erupção num estrondo de fogo e lava, e o ruído fez-se sentir a cinco mil quilômetros de distância. Como se um estrépito de Manaus fosse ouvido em Porto Alegre. Mais longe até. Pior: quem se encontrava em um raio de cinco mil metros teve os tímpanos rompidos, 36 mil pessoas morreram e um tsunami de 40 metros de altura varreu 300 cidades da face da Terra.

A violência do Krakatoa foi tamanha que o próprio vulcão foi pelos ares. Uma montanha de dois mil metros de altitude simplesmente sumiu no mar, imagine.

Assim, parecia que o perigo de uma nova explosão estava eliminado em definitivo. Parecia. Cinquenta anos depois da erupção, alguns pescadores saíram da ilha de Java e, ao se aproximarem do local do gigante desaparecido, o que foi que viram?

Isso mesmo: a ponta de um novo vulcão que emergia ameaçadora das águas.

O novo Krakatoa cresce sem parar, a cada ano está maior e, quando atingir dois mil metros, uma explosão ainda mais terrível do que aquela do século 19 vai se fazer ouvir. E vai abalar o mundo outra vez.

Às vezes, onde não se vê perigo, é lá que o perigo está. Ceará e Prudente não parecem ameaçadores, mas vá que resolvam detonar justamente hoje, contra a Dupla Gre-Nal. Cuidado!

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