sexta-feira, 29 de outubro de 2010


Jaime Cimenti

Feira do Livro

A Feira do Livro é como o trigo e a Lindaura, a lendária secretária do Analista de Bagé. Ela dá uma vez por ano, mas é desses amores que ficam. A Feira já entra em campo com o jogo praticamente ganho, feito o Inter, ou, vá lá, até como o Grêmio, que hoje estou feliz, democrático e bonzinho como a Feira. Mas a Feira não é Grenal. Grenal pode dar empate.

A Feira jamais empata. Ela incentiva e desempata livros, projetos, patrocínios, conversas, amigos, azarações, paquerinhas, amores, negócios e otras cositas mas. Vai chegando a hora da Feira e aí os escritores, editores e livreiros se puxam porque têm prazos e tal.

Não por acaso a Feira começa em outubro, o melhor mês de Porto Alegre, depois que o inverno, as rinites, o frio, a chuva e os ventos se foram e tudo começa a desabrochar novamente na cidade. Lilás, amarelo, vermelho, passarinhos e cigarras dão aquela impressão de primavera eterna. O Umberto Eco e o Jean-Claude Carrière escreveram um livro intitulado

Não contem com o fim do livro, dizendo que o e-book não matará o livro impresso. Para ilustrar esta crônica e dar a ela um upgrade, alerto aos pouquíssimos inimigos dos livros: não contem com o fim da Feira!!!

Tudo bem, pode ser que daqui a alguns anos a gente compareça na Feira só por imagens, via holografia e que tudo seja virtual, digital, três ou quatro "D", sei lá. Pode ser que a Feira seja só pela internet. Não importa.

A Feira não acaba. A Feira é maior na mídia do que na real, dizem uns. Mas e daí? Qual o problema? Hoje em dia muitas pessoas, muitos acontecimentos, festas etc, também crescem sob as lentes de aumento da mídia. Deixem a mídia trabalhar livre, fazer o seu papel em paz, sem censura. O tempo e o Poder Judiciário (ai! ai!) aparam os exageros.

O melhor de tudo é ver a vida continuando na praça, com mil histórias contadas, escritas, publicáveis ou impublicáveis, com mil encontros, diálogos, abraços e com aquele infinito de palavras, imagens, pensamentos, realidades e fantasias que só a Feira é capaz de gerar.

O resto vai ser silêncio, mas só depois da Feira, óbvio. Uma pequena pausa de silêncio, só para dar uma descansadinha, aí depois vamos curtir os sons de rolhas de champanhotas em mais um fim de ano em Tramandaí, Atlântida, Rio, Capão, Punta, até em Porto mesmo. Salute! Aproveite a Feira!

Nenhum comentário: