sexta-feira, 22 de outubro de 2010


DIVULGAÇÃO/JC

O romance de Adriana Lisboa sobre pertencimento

Com apenas 40 anos de idade, Adriana Lisboa já figura entre os melhores escritores brasileiros contemporâneos. Carioca, Adriana estudou música e literatura, estreou na ficção em 1999 e publicou pela Rocco quatro romances, entre os quais, Sinfonia em branco e Rakushisha, o livro de contos Caligrafia e três livros para crianças.

Pela Publifolha publicou a novela O coração às vezes para de bater. A escritora vai construindo sua obra sem pressa, com paciência e com a inestimável colaboração do tempo.

Já recebeu, entre outros, os prêmios José Saramago e o Moinho Santista. Mora atualmente nos Estados Unidos, onde escreve e traduz ficção. Os livros da autora já foram publicados em sete países e o romance Azul-corvo, lançado há poucos dias no Brasil pela Rocco (220 páginas, www.rocco.com.br), é sua quinta narrativa longa.

Mais uma vez, Adriana mostra que é dona de muita segurança narrativa e vai consolidando seu estilo sóbrio e elegante, que atrai milhares de leitores.

É uma escrita ao mesmo tempo simples, legível e complexa, criativa. Adriana se equilibra bem entre forma e conteúdo, como poucos colegas de ofício. Na narrativa, Evangelina Vanja, a protagonista, após a morte da mãe, resolve voltar aos Estados Unidos, onde nasceu, para tentar localizar o pai.

Em companhia do ex-marido da mãe, Fernando, e de um simpático garoto salvadorenho, Carlos, ela mergulha em recordações alheias para organizar sua própria história. Fernando é um ex-guerrilheiro do Araguaia e, no trajeto, Vanja vai tomando consciência do passado recente do Brasil através das lembranças do padrasto.

Segundo o escritor e professor Luiz Ruffato, autor da apresentação, Azul-corvo é um romance sobre pertencimento e nele as personagens estão todas em trânsito, numa verdadeira diáspora de indivíduos, habitando lugares provisórios e movediços. Num determinado momento do romance, Evangelina pergunta-se: o espaço que uma pessoa ocupa no mundo sobrevive à própria pessoa?

O livro termina onde a vida de Vanja efetivamente começa, quer dizer, quando ela, depois de muito pensar e andar, encontra seu espaço próprio no mundo.

Pela escrita segura, pelos temas que envolvem nosso passado recente e a busca por identidade, pelos personagens, num mundo globalizado, a narrativa de Adriana Lisboa é um ótimo convite para ler. Adriana tem muito a dizer. E sabe como.

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