segunda-feira, 18 de outubro de 2010



18 de outubro de 2010 | N° 16492
KLEDIR RAMIL


Prostituta – da série Profissões

Prostituição é a profissão mais antiga do mundo. Por isso mesmo é tão respeitada e cultuada. É um clássico.

Desde que o homem é homem, a mulher é mulher. O dito sexo frágil foi dominado e obrigado a servir ao macho, satisfazer suas necessidades e seus prazeres. Daí, quando precisou enfrentar o mercado de trabalho, a principal habilidade que elas haviam desenvolvido era exatamente essa, satisfazer necessidades e prazeres. A diferença é que estabeleceram um preço pelo serviço.

Assim como o cantor e o lutador de vale tudo, a prostituta só precisa do próprio corpo para mostrar seu talento. A não ser que o cliente tenha preferências sadomasoquistas e goste de brincar com correntes, chicotes e serra elétrica.

Para ser prostituta você precisa ter algumas habilidades manuais, como saber rodar uma bolsa. Também tem que conseguir se equilibrar sobre um salto alto e ser boa atriz, saber fingir gemidos, fazer beicinho e interpretar textos como “você me enlouquece”, “vai, vai, vai” e outros.

Por trás da profissional, no sentido figurado, sempre tem o cafetão, um cafajeste que administra o negócio. O cafetão é a segunda profissão mais antiga do mundo. Junto com ele surgiu o capitalismo e o conceito de mais valia.

A prostituição é tradicionalmente exercida nas ruas, onde as profissionais disputam espaço com os travestis, seres musculosos, de voz grossa, aparentemente do sexo feminino. Algumas prostitutas se organizam em uma espécie de cooperativa, uma casa com uma tia velha – chamada de Madame – que toma conta da bagunça e organiza o entra e sai da clientela.

Cada país, com sua própria idiossincrasia, desenvolveu um tipo característico de acompanhante. Na França havia a cortesã, uma devassa vip, que servia à corte e às altas rodas sociais. O Japão criou as gueixas, jovens treinadas para entreter os fregueses. No Brasil... Bem, nossas profissionais elevaram o serviço à categoria de arte e enlouquecem os turistas europeus.

Uma das vantagens da profissão é que, por ser uma atividade informal, não precisa emitir nota fiscal. Por outro lado, não tem aposentadoria remunerada. Chega uma idade em que a clientela começa a sumir. Aí não tem jeito, é melhor pendurar as chuteiras, quer dizer, o salto alto, e procurar outra coisa pra fazer.

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