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sábado, 9 de outubro de 2010
09 de outubro de 2010 | N° 16483
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES
Quem Venceu a Guerra dos Farrapos? (parte 3 de 5)
O grande fator que trouxe escravos aos magotes para o Rio Grande do Sul foi a charqueada com quatrocentos, quinhentos, seiscentos e até mais escravos, onde o negro padeceu todos os horrores da escravidão. Na estância, o escravo era pouco numeroso, inclusive porque muito caro. O seu trabalho rude e brutal no campo era o mesmo do peão branco. O negro deu um excelente peão campeiro, forte e trabalhador, como ginete, laçador, tropeiro, carreteiro.
E qual o galpão de estância que não teve o seu místico negro velho de carapinha branca, a contar estórias e lendas aos mais velhos, a transmitir a sua experiência aos mais jovens, venerado por todos, fiel à família do patrão – e ao lenço que ele usava no pescoço? Quando vem a abolição da escravatura em 1888 – pensem bem nisto –, havia muitos anos que não existia um único escravo no Rio Grande do Sul, a não ser no afeto de sinhozinhos e sinhazinhas criados por seu carinho.
Outro fato significativo é que, quando Auguste de Saint-Hilaire passou por aqui em 1820, condenou o mau trato das crianças negras nas estâncias gaúchas. Mas as cenas que ele descreve são nada perto do que o negro sofreu no outro Brasil.
Espancar crianças negras ou brancas entre os gaúchos sempre causou tal repugnância que, quando um negrinho escravo morreu açoitado por um senhor enlouquecido e teve seu corpinho jogado na “panela” de um formigueiro – o Negrinho do Pastoreio –, virou santo, em aura de lenda. E não santo das crianças, ou dos negros, ou dos pobres, ou dos gaúchos campeiros.
Mas santo de todos do Rio Grande do Sul: crianças, adultos, negros, brancos, homens, mulheres, pobres, ricos, gringos e pelo-duros. Quer dizer: aquela morte estúpida que está sem dúvida na origem da lenda chocou todo o universo rio-grandense. Por quê? Porque evidentemente era absolutamente incomum.
Voltando às verdadeiras causas da revolução farroupilha, os farrapos queriam justiça e equanimidade para a sua economia principal, que era pecuária – embora, como já se viu, nem todos os comandantes fossem estancieiros, ou fosse essa a sua atividade principal. Depois da paz, nunca mais os estancieiros voltaram a reclamar de impostos. Quer dizer: obtiveram o que queriam.
Os farrapos reclamavam assistência às viúvas, indenização de guerra, abrandamento dos recrutamentos e também a construção de estradas, pontes e escolas. Obtiveram. Os farrapos queriam reconhecimento do Império para a contribuição militar dos gaúchos.
Obtiveram. O Barão de Caxias aproveitou todos os que pôde no exército imperial brasileiro, até mesmo generais republicanos, como David Canabarro e Antônio de Souza Netto, os quais alcançaram, como brigadeiros, o generalato do exército imperial.
Além de outros Coronéis republicanos que vão ser também brigadeiros do Império, como José Gomes Portinho. José Mariano de Mattos, que foi Ministro da Guerra da República Rio-Grandense, vai ser mais tarde Ministro da Guerra do Império do Brasil. Manoel Lucas de Oliveira, que também foi ministro da república Rio-Grandense, também será ministro do Império.
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