Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
04 de outubro de 2010 | N° 16478
KLEDIR RAMIL
Médico – da série Profissões
Medicina é um sacerdócio. É só pra quem tem vocação e estômago. O grande teste é a primeira aula de anatomia. Se você conseguir assistir sem enjoar, pode seguir em frente.
É uma profissão muito difícil, você não tem hora pra nada. Domingo, almoço em família, toca o celular e você tem que sair correndo.
A não ser que compre sua própria clínica, contrate uns residentes e bote os caras pra trabalhar. Residência é uma espécie de purgatório por onde todo médico precisa passar antes de chegar ao paraíso do consultório próprio e poder ser chamado de “doutor”. É tipo um estagiário, que não tem direito a dormir, vive fazendo plantão e vira noites distribuindo analgésicos e antitérmicos.
A medicina tem várias especializações. Se você brincava de médico quando criança e gostava de examinar as meninas, pode fazer clínica geral. Se costumava arrancar asa de passarinho e cortar minhocas com o canivete, eu sugiro que faça cirurgia. Psiquiatria é pra quem gosta de ficar ouvindo a conversa dos outros.
Traumatologista pra quem vivia desmontando as bonecas da irmã. Agora, se você quer um título grandioso pra botar na porta do consultório, faça otorrinolaringologia.
Um bom médico é aquele que impõe respeito e confiança. Para isso deve usar óculos, um estetoscópio pendurado no pescoço e uma caneta de boa qualidade. O exame clínico em consultório é muito importante, psicologicamente falando. Você manda o paciente tirar a roupa, o que já deixa o coitado fragilizado.
Aí, dá uma olhada no material torcendo o nariz, com um olhar preocupado e mede o sujeito com o aparelho de pressão, a balança e o tal estetoscópio. Se até aqui o paciente estava em dúvida sobre sua saúde, a partir daí ele começa a ter certeza de que está muito doente. E é capaz de tomar qualquer coisa que você receitar com a sua caneta de marca.
Medicina é uma profissão muito respeitada e sempre vai ter futuro, as pessoas adoecem cada vez mais. A vantagem é que já existe remédio pra quase tudo. Acne, infecção, pressão alta... até disfunção erétil crônica já estão resolvendo. Só, pelo amor de Deus, não vá confundir os comprimidos.
Se você seguir essa carreira e um dia aparecer em seu consultório um paciente com processo alérgico, seja sincero com ele. Diga que você é capaz de aliviar os sintomas, mas infelizmente o que ele tem pertence ao mundo nebuloso das coisas sobrenaturais e cura mesmo só na próxima encarnação.
O músico e escritor Kledir Ramil escreve quinzenalmente no Segundo Caderno
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário