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quarta-feira, 20 de outubro de 2010
20 de outubro de 2010 | N° 16494
MARTHA MEDEIROS
Os cinco nomes do segundo turno
Quem são os verdadeiros candidatos à Presidência do Brasil? Quem é o homem ou a mulher que realmente definirá o futuro do país? Nunca vi uma eleição como essa, em que os protagonistas são os que menos importam. É como se Dilma e Serra fossem apenas dois crachás fixados em peitos que não lhes pertencem. Não sei o que realmente pensam, o que realmente podem. São dois candidatos encostados.
Não sou a melhor pessoa para falar de política. Para ser sincera, devo estar entre as piores, o que libera você para virar a página e procurar a opinião de quem entende do assunto de fato.
Ainda assim, como cidadã, tenho assistido a alguns programas eleitorais, aos debates, e conto com minha intuição, que não costumo desprezar. O que mais me perturba nesse segundo turno é que os personagens principais, Dilma e Serra, parecem coadjuvantes. Quem realmente está sob julgamento? Não eles.
Erenice e o nepotismo. Paulo Preto e a corrupção. Qual dessas criaturas foi mais acobertada? Qual deles estava mais próximo do poder e se sentindo mais protegido para cometer seus estelionatos contra o patrimônio público? Erenice e Paulo Preto: quem causou mais dano ou menos dano ao país e ao partido a que serviam? Se a gente responder com honestidade, ficaremos sem presidente algum.
Até aqui, estamos falando de escalões subalternos. O estrago feito por empregados. Mas o que dizer dos patrões? Mais uma vez, não é de Dilma e Serra que se está falando, e sim de Lula e Fernando Henrique. Não é reeleição, mas parece.
A guerra entre populismo e neoliberalismo não se justifica mais, o mundo evoluiu e já não comporta essa segmentação estanque, porém Dilma e Serra seguem atuando como representantes de duas facções inimigas, e não apenas rivais. Em função disso, em vez de defenderem ideias, gastam latim à toa acusando o “lado de lá”, infantilizando uma eleição que deveria ser mais adulta.
E, além de Erenice, Paulo Preto, Lula e FHC, ainda temos um quinto personagem correndo por fora, ele que nem precisa fazer campanha, é um eleito vitalício: Deus. Em seu nome, grande parte da população desarvorada do país não votará na pessoa mais preparada para ser presidente, e sim no servo mais fiel. O quadro é simplório. Subdesenvolvido.
Cabe a nós decidir quem teve as falcatruas mais facilitadas, Erenice ou Paulo Preto? Quem tem mais força política, Lula ou Fernando Henrique? Quem desafiará Deus, o eterno bom de voto? Cinco nomes e um destino: o nosso. Aqueles dois cujos rostos aparecerão na urna eletrônica dia 31 viraram meros atores dessa pantomima.
Uma ótima quarta-feira. Aproveite o dia.
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