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sexta-feira, 8 de outubro de 2010
DIVULGAÇÃO/JC
Últimos dias de Poe, Dickinson, Twain, Henry James e Hemingway
Os últimos dias e os momentos finais dos escritores e de todos nós muitas vezes são reveladores e marcantes. Há quem diga que as pessoas morrem do jeito que viveram.
Há quem pense que as últimas horas sintetizam uma vida. A consagrada escritora e professora norte-americana Joyce Carol Oates, da Princeton University desde 1978, autora de alguns dos maiores romances de nosso tempo como A filha do coveiro e Blonde (finalista do Pulitzer) e indicada para o Prêmio Nobel de Literatura de 2009, em Descanse em paz, lançado há pouco no Brasil, recria ficcionalmente os finais de vida de cinco gigantes da literatura: Edgar Allan Poe, Emily Dickinson, Mark Twain, Henry James e Ernest Hemingway.
No caso de Poe se descobre, através de um diário, que ele estava numa ilha do Chile, sendo parte de um experimento sobre solidão.
Emily Dickinson revive no século XXI como um clone dela mesma, só que em miniatura e morando em um subúrbio de Nova Jersey. Mark Twain passa seus últimos dias, para aquecer o coração, trocando cartas com adolescentes entre 10 e 15 anos, quando percebe que os direitos autorais não o sustentarão por muito tempo.
Os dias finais de Henry James se passam no hospital São Bartolomeu, durante a I Guerra Mundial, e revelam que sua doença transforma qualquer esforço físico em algo perigoso.
O brilhante Ernest Hemingway, autor de O velho e o mar, vive seus momentos finais rendendo-se a todo tipo de paranoia e atormentado pela quarta esposa. De modo sarcástico e fascinante, Oates explora o mistério de cada uma das personalidades dos autores geniais, toma dados biográficos de cada um e, sem deixar de lado seu próprio talento literário, adota elementos de estilo de cada escritor e conduz os leitores à sensação de que os textos foram realmente escritos pelos mestres da literatura.
Não é pouca coisa. É uma proposta audaciosa, sem a menor dúvida. Joyce Carol Oates, sempre elegante, criativa e arrojada, integrante da Academia Americana de Artes e Letras, soube levar a cabo a missão com técnica e emoção, explorando diversas linguagens, diferentes cenários e enfrentando os mistérios dos selfs dos autores. O resultado é muito bom. Leya, 240 páginas, tradução de Elisa Nazarian, www.leya.com.
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