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segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Editorial Zero Hora
RIO GRANDE APOSTA NA ALTERNÂNCIA
A eleição do candidato Tarso Genro (PT) em primeiro turno para comandar o Estado nos próximos quatro anos – fato inédito na história política nas últimas décadas – traduz a opção da maioria dos eleitores gaúchos por um projeto inspirado na administração federal, cuja importância se amplia agora, quando precisará ser colocado em prática.
O resultado das urnas reafirma uma histórica tradição do eleitorado gaúcho de optar pela alternância no poder, permitindo a diferentes partidos a oportunidade de colocar em prática suas alternativas de governo. É importante que o Estado possa aproveitar essa tendência para diversificar as visões de gestão pública, sem descontinuar projetos bem-sucedidos e com o cuidado de não fomentar conflitos que só tendem a levar à estagnação e mesmo ao retrocesso.
Ao optar majoritariamente por um candidato já na primeira votação, sem que tenha havido portanto maior chance para debate, até mesmo pelo excessivo número de candidatos, o eleitor ampliou ainda mais o desafio do eleito, que precisa agora explicitar melhor suas pretensões. Uma das características mais marcantes da última campanha eleitoral foi justamente a ausência de discussão sobre um tema recorrente nos últimos anos: o desequilíbrio das contas públicas.
O fenômeno ocorreu devido à prioridade da atual administração de perseguir o equilíbrio orçamentário, permitindo que, nos últimos dois exercícios fiscais, o Estado voltasse a operar fundamentalmente com receitas e despesas ajustadas.
O acerto nas contas contrasta com as dificuldades em áreas como educação, saúde e segurança pública, com ênfase para o caos prisional – situação que precisará ser examinada com atenção pelo sucessor. Em compensação, favoreceu investimentos de maneira geral que o Estado, sob novo comando a partir de janeiro, precisará consolidar e ampliar.
O Rio Grande do Sul, com uma economia historicamente associada à agricultura e à pecuária, está hoje diante de uma fase de transição para abrigar projetos de alta tecnologia, baseada sobretudo na inovação. Isso significa privilegiar tanto áreas tradicionais, como o próprio agronegócio, quanto calçados e metalmecânica, por exemplo, além de novas frentes que se abrem, como bioenergia, florestamento, microeletrônica e a indústria naval.
A expansão e a consolidação dessas novas áreas será bem-sucedida se ocorrer simultaneamente a investimentos em níveis adequados em educação e em infraestrutura, capazes de contemplar, além do sistema de transporte, também áreas essenciais, como telecomunicações e energia.
Com um currículo extenso na área administrativa, pois já foi prefeito, além de parlamentar e ministro de pastas importantes, o futuro governador do Estado tem pela frente o desafio de aproveitar a melhoria nas contas governamentais para impulsionar ainda mais os investimentos públicos e privados.
Espera-se que ele mantenha no governo a mesma visão conciliadora da campanha, inequivocamente aprovada pelos eleitores, para unir o parlamento rio-grandense e a bancada federal gaúcha em torno das verdadeiras causas do Estado.
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