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quinta-feira, 7 de outubro de 2010
07 de outubro de 2010 | N° 16481
CLAUDIA TAJES
Mistura de siso com mau juízo
É de um filme clássico de 1976, Maratona da Morte, uma das cenas mais apavorantes de todos os tempos. Um carrasco nazista foragido, papel do ator inglês Lawrence Olivier, tortura o personagem do então jovem Dustin Hoffman em um lugar tão prosaico quanto sinistro: a cadeira de dentista. Terror real para quem, como eu, sempre morreu de medo de dentista.
Venho de uma época em que todo mundo tinha cáries, muitas cáries. Aos cinco anos, eu também tinha as minhas. Para conseguir chegar nelas, meu primeiro dentista me dava bolinhas de mercúrio para brincar, o mesmo mercúrio que, descobriu-se depois, contaminava o ambiente e as pessoas.
Quando fiquei maior, e minhas cáries também, fui atendida por um dentista que me imobilizava pelo pescoço, impedindo que eu fugisse. Minha sorte foi encontrar a doutora Suzane, odontopediatra que não levou em conta eu já ser adulta. Foi ela quem curou minha fobia e salvou meus dentes de ficarem iguais aos do Tiririca.
Já o meu filho nunca teve medo, nem cárie. E essa última, tudo indica, jamais vai ter. Usou aparelho sem drama, quatro anos no consultório da doutora Sílvia. Na semana passada, precisou extrair os sisos. Alerta de pânico.
Na minha vez, fiz com anestesia geral para evitar o sofrimento e acordei com a boca queimada por dentro e por fora. Até o nariz acabou chamuscado, coisas que acontecem, disse o dentista de então, mas acho que só aconteceu comigo. Nunca soube de mais ninguém que virou churrasco ao extrair os sisos.
No caso do meu filho, terminou tudo bem. O cirurgião, doutor João Júlio, trabalhou com leveza e cuidado, respeitando a ansiedade e as condições do paciente.
Depois, ouvindo-o falar que uma situação assim, ainda mais que um procedimento de saúde, é um aprendizado sobre os limites de cada um, pensei que os homens, claro, evoluíram muito nas últimas décadas. Mas os dentistas evoluíram muito mais que os homens.
Quando o Renato Portaluppi chegou, no meio daquela calamidade toda, um amigo colorado disse que o Grêmio, além de acabar com o presente do clube, tinha decidido matar também seu passado. Como frase, uma pérola. Mas só. Dois meses depois, o time tem a melhor campanha do returno. E, de lambuja, o Renato é o único técnico do Brasil que fica bem de camiseta colada e calça justinha na beira do campo. Fala agora.
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