sábado, 16 de outubro de 2010



16 de outubro de 2010 | N° 16490
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES


Quem Venceu a Guerra dos Farrapos? (parte 4 de 5)

Os farroupilhas reclamavam da intromissão e do favorecimento de portugueses na política do Partido Conservador. O Partido Liberal, que era o partido dos farroupilhas, vai dominar o Rio Grande do Sul até a Proclamação da República no Brasil, e os republicanos do Decênio Heroico vão fornecer modelos e símbolos aos republicanos brasileiros a partir de1880.

Em suma, os farroupilhas alcançaram tudo pelo que lutaram. Alcançaram o respeito do Brasil, bem expresso nas atitudes do Barão de Caxias após a paz. Tiveram o direito de indicar o novo presidente da Província, recaindo a escolha unânime no Barão de Caxias, a quem logo o Império exaltará com o título de Conde de Caxias, reconhecendo-lhe o posto de Marechal de Campo, o mais alto na hierarquia.

O grande militar e notável estadista, apaixonado pelo Rio Grande do Sul, seu povo e suas tradições, será, aliás, um presidente de exceção, cuja obra de recuperação da província e pacificação de ânimos até hoje é reconhecida como exemplar.

Falar diante desses fatos em derrota dos farrapos é tolice. Como Antônio de Souza Netto queria, a guerra poderia continuar. Não continuou porque o Barão de Caxias, em sua genialidade, percebeu que os gaúchos não se vencem pela força das armas.

Como o mitológico Anteu, caem no chão, mas haurindo forças à Mãe Terra regressam à luta mais forte ainda. Podem ser vencidos, mas não convencidos. O Barão de Caxias tratou assim de convencê-los, porque o Império precisava dos gaúchos contra Oribe e contra Rosas para manter a paz na extremidade meridional do Brasil e a própria integridade territorial.

Ao conseguirem tudo pelo que lutaram, não há nenhum exagero em considerar os farroupilhas como os grandes vencedores do Decênio Heroico. Cometeram erros flagrantes:

1º) Deixaram se surpreender infantilmente em Porto Alegre pela conspiração liderada por Manoel Marques de Souza.

2º) Deram importância desnecessária à retomada de Porto Alegre, malgastando recursos preciosos.

3º) Não usaram do mesmo empenho e dos mesmos recursos para tomar o porto de Rio Grande, o que lhes seria infinitamente mais fácil que retomar Porto Alegre. E facilitaria a retomada de Porto Alegre, claro.

4º) Gastaram o que podiam para proclamar a República Juliana em Santa Catarina, um desperdício de coragem, patriotismo e brasilidade.

5º) A não abolição da escravatura no território da República Rio-Grandense: além do inegável aspecto moral, a abolição significaria o aumento três vezes dos efetivos do exército republicano. Mas os farrapos só acreditavam na liberdade conquistada pelas armas.

6º) O assassinato do Coronel Albano de Oliveira, uma vergonha para os farrapos, nunca foi punido, nem os fuzilamentos ordenados por Onofre Pires em Mostardas.

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