sábado, 9 de outubro de 2010



09 de outubro de 2010 | N° 16483
PAULO SANT’ANA


Paul McCartney

Há um verdadeiro frisson na cidade e no Estado pela vinda ao Beira-Rio do cantor e compositor Paul McCartney, dia 7 de novembro, uma promoção da RBS.

Dá para sentir que, se ele cantasse duas noites seguidas, ainda assim lotariam o estádio.

Confesso que não tenho qualquer entusiasmo por esse extraordinário evento.

Porque sou uma pessoa estranha, quando amo, não traio. E eu amo a música latino-americana.

Fosse, por exemplo, o meu amigo, o maior cantor de tangos de Buenos Aires, Fernando Soler, que se apresentasse, não por ter cantado já com Soler em Porto Alegre e em Buenos Aires, eu iria correndo para o estádio.

Fosse o Julio Iglesias, eu seria o primeiro da fila, mesmo que fosse para não cantar com ele, embora da vez em que cantei com ele, com o Beira-Rio lotado, aquele tivesse sido o maior dia da minha vida.

Fosse o Zeca Pagodinho quem se apresentasse, lá estaria eu, mesmo que alguém mal-intencionado tenha feito uma pegadinha comigo, fazendo-se de empresário do cantor pelo telefone e me convidado a cantar com ele.

Eu amo a música latino-americana e principalmente a música popular brasileira, da qual sei de cor mais de 2 mil músicas, só de marchinhas carnavalescas tenho decoradas 500.

Não traio a música latino-americana nem com esse monstro sagrado que é Paul McCartney, embora considere uma façanha da RBS trazê-lo a Porto Alegre, tanto que com um mês de antecedência os ingressos se esgotarão no dia de hoje.

No entanto, devo confessar que entre as cerca de 20 mil músicas que já ouvi, não tendo decorado a maioria esmagadora delas, a mais linda, a mais penetrante, a mais envolvente página que já ouvi em toda a minha vida foi Yesterday, que foi composta exatamente por McCartney, em parceria com o saudoso John Lennon.

Se me assegurassem que Paul cantaria no Beira-Rio Yesterday, na mesma hora eu trairia a música latino-americana.

Nenhum comentário: