sexta-feira, 29 de outubro de 2010


Jaime cimenti

Está difícil ser político

Não sei se em algum momento da História foi fácil ser político. Os brincalhões diziam e dizem que basta(va) ser meio preguiçoso, bem relacionado, mentiroso, rico, teatral, concordino e indeciso para se dar bem na política.

Claro que sempre houve homens públicos honestos, dedicados à comunidade e que dignificaram e dignificam a política e a democracia. Viva eles e viva Norberto Bobbio! Mas, atualmente, com tanta mídia, pesquisa, a coisa não está mole para os nobres administradores e parlamentares.

Se falam o que querem, se são sinceros, seja para dizer verdades ou mentiras, a coisa pode complicar para o lado de suas excelências. Se só dizem o que as pesquisas e os marqueteiros determinam, se só falam o que a galera quer ouvir, aí os coitados dos políticos são acusados de não ter opinião, de dizer só os clichês óbvios e de serem insípidos, inodoros e incolores como a água de antigamente. Se o cara fala difícil, profundo, é acusado de não ser entendido e de não alcançar a maioria das pessoas.

Se o político passa utilizando expressões de botequim e é simples demais, acusam o sujeito de baixar o nível da comunicação, de não ter “contiúdo”. Se o cara não faz cirurgia plástica ou implante de cabelos, é porque não liga para a própria aparência e não respeita o eleitorado. Caso se plastifique e fique se becando e se cuidando muito, usa creminho e brinco, é porque é vaidoso, pavão e metrossexual ou coisa que o valha.

Se o cara é equilibrado, gente boa, sangue bom, gente como a gente, até pode dar certo. Isso até começarem a reclamar que o cara não tem carisma, que é muito óbvio, que não tem luz própria e não seis mais o quê. Se o cara quer agradar todo mundo, não dá, não serve.

Se prefere atender a uma parte das pessoas, é porque é sectário. Está dureza, como se vê. Esse lance de falar, ficar quieto e se relacionar com os chatos dos outros, na real, vamos combinar, está difícil para todos nós, mortais humanos.

Mas a coisa está feia especialmente para políticos sem mandato. Em casa de político sem mandato só o vento bate na porta. Mas a vida continua e estamos aí para nosso eterno aperfeiçoamento individual e coletivo. Nós todos, claro, mas, principalmente, os integrantes da classe política, que deveriam ser mais perfeitos e ter mais classe, tipo assim, nós, seus fiéis e infiéis eleitores.

Bom fim de semana. Gostoso feriado pra você

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