01
de outubro de 2013 | N° 17570
PAULO
SANT’ANA
Liberdade no
cárcere
Há
pessoas livres que sofrem mais que determinados prisioneiros. Enquanto há
determinados prisioneiros que usufruem de mais liberdade do que certas pessoas
livres.
Há,
portanto, grandes chefes do tráfico de drogas que fracassaram no tráfico
enquanto eram livres e hoje possuem fortunas traficando atrás das grades.
Há
indivíduos aos montes que usufruem de mais liberdade quando estão recolhidos à
prisão do que quando estavam soltos pelas ruas. E, quando um traficante de
drogas sente que será mais próspero atrás das grades, comete de propósito uma
infração penal com o fim de ser preso e enriquecer na cadeia.
É a
mesma história de quem é mais feliz sem liberdade do que quando estava solto.
Pelo mesmo fenômeno, guardadas as proporções, é que um canário-belga preso em
uma gaiola, se lhe abrem a portinhola do cárcere, ele se recusa a saltar para
fora.
O
canário que recusa a liberdade considera então o voo livre um inferno, o
paraíso para ele é sua jaula. É que ele pensa que, preso na gaiola, obteve um
seguro-alimentação gratuito até o fim de sua vida.
Enquanto
que, se voltar à liberdade, irá retornar ao calvário já conhecido por ele na
vida anterior à gaiola, quando tinha de batalhar todos os dias para conseguir
os alimentos da sobrevivência.
A
liberdade exerce, portanto, para esse pássaro cativo menos atração do que se
alimentar gratuitamente e sem esforço atrás das grades. Para esse pássaro preso
é irrenunciável a aposentadoria que conquistou ao ser engaiolado.
É o
mesmo caso das mulheres (ou homens) que se casam com maridos ricos: ingressam
numa prisão sem amar seus esposos, mas com subsistência perpétua, garantida até
o fim de seus dias. E essa subsistência se estende para seus filhos e talvez
até netos.
Vida
mansa é isso! Um ótimo casamento pode significar um excelente seguro de vida.
Embora me ocorra que a mais feliz das mulheres é a que ama o marido rico com
quem se casou.
Isto
é que é o céu. O cronista e romancista gaúcho Liberato Vieira da Cunha
autografa hoje, a partir das 19h, na Livraria Saraiva do Moinhos Shopping o seu
livro O Silêncio do Mundo, contendo histórias com início, meio e fim,
principalmente de mulheres e suas paixões, encontros e desencontros.
Saudade
do tempo em que o Liberato trabalhava aqui nesta sala de ZH comigo.
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