17 de outubro de 2013 |
N° 17586
EDITORIAIS ZH
A COPA DA ESPERTEZA
Começou mais cedo do que se
previa: oito meses antes da Copa do Mundo, as companhias aéreas projetam
reajustes superiores a 100% nos preços das tarifas de voos domésticos no
período dos jogos. Não há justificativa para tanta ganância. Compreende-se que
o aumento da demanda provoque alguma elevação, como determina a informal lei da
oferta e da procura. Mas a exploração é inaceitável e tende a se repetir em
outras áreas se as autoridades governamentais e os órgãos de defesa dos
interesses do consumidor não agirem preventivamente.
Em outros países com economia de
livre mercado que realizam eventos internacionais de proporção semelhante, o
poder público costuma agir com rigor nesses momentos para evitar a esperteza
predatória.
Nos cálculos mais otimistas, a
estimativa é de que em meados do próximo ano aproximadamente 600 mil
estrangeiros e 3 milhões de brasileiros se deslocarão pelo Brasil, movimentando
um valor estimado em R$ 25 bilhões.
Diante dessa distorção temporária
do mercado, é previsível que, tanto no setor aéreo quanto em muitos outros,
impactados diretamente pelo maior fluxo de turismo, haja a preo-cupação de
potencializar os ganhos.
No setor hoteleiro, por exemplo,
o preço das diárias a partir do dia 12 de junho, quando começam as competições,
registra rea-justes superiores a 500%. Se os demais prestadores de serviço
seguirem esta lógica, dá para se ter uma ideia do patamar a que podem chegar os
valores das refeições, que, ao contrário das tarifas aéreas e das diárias de
hotéis, não têm como ser calculados antecipadamente.
Em qualquer economia de livre
mercado, como é o caso da brasileira, os preços tendem a subir quando a demanda
cresce e a baixar quando a oferta volta a se mostrar maior do que a procura.
Dificilmente, porém, as variações costumam ocorrer em patamares como os
previstos agora, o que pode contribuir para desgastar a imagem do Brasil no
Exterior, pondo em risco as perspectivas abertas para o setor turístico a
partir do Mundial.
Preocupada com os possíveis
prejuízos, a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) pressiona por uma atuação
mais firme por parte dos órgãos de defesa do consumidor. Diante da divulgação
dos abusos, algumas empresas aéreas já começaram a rever as tarifas.
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