18 de outubro de 2013 |
N° 17587OPINIÃO |
LUIZ FERNANDO MAINARDI*
Pecuária rumo à modernidade
Estamos próximos de dar um salto
decisivo para incluir a pecuária gaúcha na modernidade. Depois de dois anos de
debates na Câmara Setorial da Carne, encaminhamos à Assembleia Legislativa
projeto de Lei que estabelece a obrigatoriedade da identificação individual de
todo o rebanho bovino gaúcho. Para aprofundar, ainda mais, o debate, já que há
contrariedades que poderiam impedir a aprovação e a execução do sistema,
retiramos o projeto e estamos rediscutindo a proposta com entidades do setor.
A identificação cria mecanismo
para o melhor gerenciamento da propriedade, constituindo-se em importante
ferramenta para o controle sanitário. Atende, ainda, uma das principais
exigências do mercado internacional e do próprio consumidor que, cada vez mais,
quer saber a origem do produto que consome. É mais um passo da modernização da
Defesa Agropecuária, em que estamos investindo, com o Governo Federal, R$ 60
milhões, na reestruturação física e técnica do serviço.
O Estado fornecerá os brincos
gratuitamente aos pecuaristas, custo que será coberto pela redução do abate
clandestino, hoje estimado em 20%. Sem a obrigatoriedade, como é hoje, onde
menos de 160 propriedades gaúchas rastream seus animais, o programa não se
concretiza. Seguimos o exemplo do Uruguai e de Santa Catarina que tem práticas
exitosas neste campo.
Frigoríficos gaúchos estão
vendendo volumes consideráveis de carne ao Uruguai. Eles buscam aqui um produto
similar ao seu e com a mesma qualidade genética. O que nos diferencia é que,
enquanto eles modernizaram a atividade, que inclui a rastreabilidade universal
e obrigatória, nós encontramos algumas barreiras que, quero crer, tem origem
cultural. O nosso vizinho atende aos mercados mais exigentes do mundo e que,
por isso, pagam mais. Nós abastecemos o mercado interno, vendemos alguma coisa
para o Exterior e suprimos as necessidades de consumo do povo uruguaio. Lá o
quilo vivo sai por cerca de R$ 4,30. Aqui, em torno de R$ 3,30.
Apostamos na inovação e queremos
protagonismo na disputa de espaço no rentável mercado externo. Não apostamos no
conservadorismo tecnológico que condena a pecuária do Estado, uma das melhores
do mundo, a seguir perdendo espaço para a soja. Criar diferenciais é ampliar a
rentabilidade da pecuária para concorrer com a da soja, preservando a atividade
e o Bioma Pampa. Aqueles que acreditam que esta prática dará mais trabalho já
optaram, ou vão optar, pela comodidade de arrendar terras para o plantio do
grão e viver na absoluta tranquilidade, sobrevivendo de rendas.
Secretário estadual da
Agricultura
Nenhum comentário:
Postar um comentário