12
de outubro de 2013 | N° 17581
EDITORIAIS
ZH
Prêmio
anticrueldade
O
Brasil merece comemoração especial pela concessão do Prêmio Nobel da Paz à
Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq). Foi um brasileiro, o
diplomata José Maurício Bustani, quem contribuiu de forma decisiva, na condição
de diretor-geral da instituição por cinco anos, para consolidá-la como
organismo sério e decisivo no monitoramento de atos contra a humanidade.
A
Opaq chega agora ao seu ápice, com o reconhecimento do comitê do Nobel por suas
ações que expressam o repúdio da humanidade a crueldades inomináveis, como o
ataque com gás sarin à população civil, que vitimou 1,4 mil pessoas nos
subúrbios de Damasco, na Síria, em agosto passado.
Guerras,
como reconhece o embaixador Bustani, não são conflitos inevitáveis, apesar da
tendência cada vez mais belicista de governos autoritários e mesmo das grandes
potências. No caso das ações da entidade agora laureada, o que cidadãos de
várias partes do mundo tentam evitar é que, em meio a confrontos entre nações
ou mesmo em guerras civis, normas básicas de conduta sejam respeitadas.
Se
dependesse do diplomata brasileiro, as milhares de mortes decorrentes da
invasão do Iraque pelos Estados Unidos seriam evitadas. Mas alertas feitos pela
organização que dirigia não sensibilizaram a Casa Branca. Foi a Opaq que
advertiu que o Iraque deveria integrar-se à Opaq, como parte dos esforços para
evitar o uso de armas químicas. Os EUA não só desprezaram todos os apelos, como
decidiram atacar o inimigo, sob o argumento de que usava armas de destruição em
massa nunca encontradas.
O
prêmio reaviva a memória de outros eventos traumáticos, provocados por armas
químicas manejadas também por nações democráticas. É importante ressaltar que,
apesar da retórica, grandes potências continuam, conforme alerta do comitê do
Nobel, baseado em informações da Opaq, conspirando contra o que pregam, ao não
cumprirem a meta de eliminar seus próprios arsenais.
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