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domingo, 27 de outubro de 2013
Brasileiras vão à Europa contratar jovens com MBA
PUBLICIDADE - LUISA BELCHIOR
ENVIADA ESPECIAL A BARCELONA
Diretores e recrutadores de companhias brasileiras de setores como o bancário e o aéreo, além de setores industriais, percorrem a Europa em busca de mão de obra para preencher seu quadro de funcionários no Brasil.
Só na Espanha, as brasileiras mais que dobraram a absorção de europeus altamente qualificados em cinco anos, segundo levantamento do Iese (Instituto de Estudos Superiores de Empresa).
Para estudantes, Brasil ainda está em alta
Na semana passada, a escola de economia sediou a primeira feira de contratação de jovens com MBA exclusivamente de empresas da América Latina, onde as brasileiras foram maioria.
Itaú, TAM, Gerdau, Votorantim e Gafisa enviaram representantes para entrevistar cerca de 150 estudantes de MBA em escolas de economia do país prestes a se formar.
"O crescimento da América Latina levou a uma escassez de talentos, e agora temos que sair buscando agressivamente", disse à Folha o CEO do Banco de Crédito, Walter Bayly, que aconselha jovens europeus a explorarem a América Latina e o Brasil.
Desde que a crise econômica e as recessões na Europa secaram investimentos no mercado local, as brasileiras vão ao continente atrás da mão de obra que se sobra nos países europeus e falta no Brasil, relataram representantes das empresas à Folha.
Segundo eles, a escassez não é numérica, mas de perfil: o interesse dessas empresas nos europeus visa a tornar seus negócios mais globais e, com isso, expandi-los.
"Queremos um perfil que os brasileiros ainda não têm. Agora estamos na Ásia, na América e na Europa e precisamos de expertise para isso, não adianta pôr um brasileiro lá que não vai funcionar", disse a gerente de captação de talentos da Votorantim, Camila Miranda. "Por isso fazemos propostas [com valores] acima do mercado aqui."
ALÉM DOS BANCOS
A empresa, que elevou de 3 para 12 os europeus no programa de trabalho temporário de verão, ilustra como a indústria tem aderido à contratação de europeus, antes dominada pelos bancos.
Em 2007, eles eram 80% dos clientes da Gardz, que contrata mão de obra no exterior para firmas brasileiras. Em 2012, foram 58%. São marcas como o Itaú, que agora planeja reduzir de 99% para 75% a fatia dos resultados gerados no Brasil.
O alto índice de desemprego na zona do euro (na Espanha chega a 26%) e o baixo no Brasil (5,4%) são o principal fator de "expulsão" e "atração" dessa mão de obra para a América Latina.
Mas a martelada final é a proposta salarial das brasileiras, acima da média europeia. "Na minha época de MBA, há dez anos, era uma possibilidade remota [ir para o Brasil]", disse Javier Muñoz, diretor de carreiras do Iese, uma das principais escolas de economia da Europa.
"Hoje, essas empresas vêm aqui com propostas boas." Vieram do Brasil as melhores propostas para o engenheiro Enrique Aynart, 29, prestes a terminar um MBA. Na Espanha, ele disse ter trabalhado em três firmas: uma faliu, em outra era temporário e na última ele era superqualificado para a função.
"Minha opção era ficar na Espanha, mas aqui o mercado já é muito maduro. O Brasil é mais dinâmico e paga melhor", diz o espanhol, entrevistado pela aérea Latam.
"Queremos complementar a nossa mão de obra", disse Luiz Alberto Franco, gerente de aquisição de talentos da TAM. "Temos talentos no Brasil, mas eles também podem ir para mercados diferentes."
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