16 de outubro de 2013 |
N° 17585
EDITORIAIS ZH
AMEAÇA INTOLERÁVEL
A anunciada retaliação de
presidiários, que ameaçam espalhar violência e pavor durante a Copa como
resposta a eventuais decisões da Justiça, é uma afronta não só às autoridades
de segurança, mas à sociedade. Os detentos foram flagrados em escutas
telefônicas feitas com autorização judicial.
Pertencem ao Primeiro Comando da
Capital, a maior organização criminosa do país, que há pelo menos uma década
articula ações em São Paulo e outros Estados. A ameaça de promover uma Copa do
Mundo do terror, caso os líderes da facção sejam transferidos para o Regime
Disciplinar Diferenciado na prisão, exige resposta das autoridades com rigor
proporcional ao do atrevimento criminoso.
Há muito, o PCC vem demonstrando
que, apesar da prisão de seus líderes, continua ativo. A facção já aterrorizou
São Paulo há 10 anos e em 2012 promoveu assassinatos em série de mais de cem
policiais. Subestimar a ameaça é desconsiderar também outras advertências
feitas pelos bandidos, entre as quais a de que o governador Geraldo Alckmin
virou um dos seus alvos.
A ousadia e a capacidade de
organização do PCC fazem com que as conversas flagradas não sejam diálogos
casuais captados pelas escutas. São claramente recados programados. Os
criminosos usam o próprio grampo para que sejam ouvidos e coloquem em dúvida,
entre a população, a competência dos governos diante das advertências.
É a hora da reação firme do
Estado, ou a delinquência continuará colocando em xeque a ordem e as leis às
vésperas da Copa. É um desafio que põe em questão também a força institucional
do Ministério Público e da Justiça, já que o PCC voltou a ser notícia e a
disparar alertas a partir das investigações de um grupo de promotores.
Foi o MP que revelou ao país as
táticas de um grupo cada vez mais ameaçador. O momento é de reconhecimento e
fortalecimento das autoridades, para que suas iniciativas não sejam
interrompidas por obstáculos da Justiça. O pedido de prisão em Regime
Disciplinar Diferenciado é uma providência coerente com a situação criada pelos
detentos. Condenados com tal grau de periculosidade, que chegam a apontar um
governador como alvo, não podem ser tratados como presidiários comuns.
Por mais que o governo federal se
esforce para garantir a segurança da Copa, como mostrou ampla reportagem de
Zero Hora, não basta que o Executivo atue com determinação em defesa da
normalidade no evento. Os ameaçados não são apenas os participantes da Copa,
mas toda a população. Espera-se por isso que a elogiável ação do MP seja
reforçada por decisões da Justiça que afastem quaisquer concessões aos
bandidos.
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