07 de outubro de 2013 | N° 17576
L. F. VERISSIMO | L.F. VERISSIMO
Walters
OStanislaw Ponte Preta, grande
humorista, também escrevia “sério”, mas com outro nome. Escrevia contos e
comentários que assinava com seu nome verdadeiro, Sérgio Porto.
Stanislaw Ponte Preta era ao
mesmo tempo o criador de personagens inesquecíveis e ele mesmo um personagem
inesquecível, criado por Sérgio Porto – seu Walter Ego, como diria o próprio
Lalau.
Já o Millôr fazia humor e falava
sério sem mudar de nome, e nos ensinou que você pode tratar das últimas
questões da existência sem perder a graça, ou das mais bobas sem ser bobo.
Graham Greene não mudava de nome
mas dividia sua obra em literatura e o que chamava de “entretenimentos”, que
incluíam policiais e comédias. Sua literatura “séria” era fortemente marcada
pela desilusão política e a busca da salvação numa conduta ética particular ou
na religião.
Pode-se imaginar Greene começando
um “entretenimento” como quem tira férias das suas angústias, ou troca sapatos
apertados por chinelos de dedo.
Nunca ficou claro por que o
Fernando Pessoa usava tantos heterônimos, já que a poesia de Álvaro de Campos,
Alberto Caeiro, Ricardo Reis e os outros que ele inventou não era muito
diferente da sua.
Talvez fosse apenas a vontade,
comum a artistas, de ser muitos. No meu caso – note a naturalidade com que
pulei de Fernando Pessoa à minha pessoa –, foi por necessidade.
Quando comecei a trabalhar em
jornal, uma das minhas funções era escrever para a página de opiniões quando
faltavam articulistas, e usava dois pseudônimos que muitas vezes se
contradiziam.
Nunca chegou a haver polêmica
aberta entre os dois, mas o Luis Volpe e o Fernando Lopes claramente se
odiavam, e viviam trocando farpas.
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