14 de outubro de 2013 |
N° 17583
ARTIGOS - Cláudio Brito*
Cancelas abertas
Sou resistente aos pedágios,
mesmo que não sejam cobrança repetida de impostos, como bem cedo me convenceram
os bons professores de Direito Tributário que conheci. Mas ficou em mim um
ranço por saber que o meu direito de ir e vir daria lucro a terceiros.
Se devo render-me à realidade,
que seja de forma branda e o mais justa possível, com pedágios oficiais,
comunitários, sem dar lucro a ninguém, com modicidade na cobrança, apenas para
custos operacionais, socorro, manutenção, ampliação e outras obras necessárias.
As contas deveriam terminar no zero a zero. Aplaudi a alternativa que a EGR
representaria, mas, pelo visto, está longe de cumprir. A Empresa Gaúcha de
Rodovias, criada pelo governo estadual para afastar a ganância das
concessionárias antecessoras, vê-se agora, atrapalhou-se e bem cedo já conhece
a judicialização.
O promotor André Prediger iniciou
uma Ação Civil Pública para buscar pronta correção dos erros de Encantado. Encontrou
resposta na liminar do juiz Luiz Antônio Abreu Johnson, que mandou abrir as
cancelas, suspendeu qualquer cobrança dos usuários e exigiu a apresentação de
documentos, minuta de edital da licitação e outras medidas para exame da
regularidade do funcionamento dos pedágios da EGR. A empresa recorreu.
O desembargador Irineu Mariani
manteve a liminar de Johnson e disse com todas as letras: “A agravante (a EGR)
não vem cumprindo a obrigação legal de aplicar o dinheiro integralmente nas
obras, serviços e demais investimentos na rodovia onde houve a arrecadação”. A
EGR não cumpre a lei que a criou.
Outras demandas judiciais virão,
porque tudo precisa ser tratado em cada praça de pedágio. A mesma lei de
criação da EGR obriga a aplicação das rendas no lugar onde houver a
arrecadação. Assim, pedágio pago em Encantado fica mesmo por lá. Ou deveria ser
assim. Como se sabe, a EGR tem arrecadado bastante.
E nada foi aplicado em socorros
médico e mecânico. Sobre conservação e reparos, a Justiça concluiu que a EGR
“não estava preparada para assumir o serviço, o que não é excludente de sua
responsabilidade”. Até que a lei seja cumprida, fiquem as cancelas abertas e
proibida a cobrança de tarifas. Em Encantado e em todos os lugares onde houver
a ilegalidade.
*JORNALISTA
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