22
de outubro de 2013 | N° 17591
DAVID
COIMBRA
A VOLTA DA COLIGAY
O
meu amigo Léo Gerchmann, jornalista aqui da ZH, escreveu um livro sobre a história
da Coligay. Li o livro, é ótimo, e acredito que, com ele, o Léo talvez consiga
a façanha de recuperar essa torcida para o Rio Grande do Sul e para o Grêmio. Porque
muitos gremistas, tacanhamente, envergonham-se da Coligay, ao invés de sentir
orgulho dela.
A
Coligay foi um capítulo nobre da história do Grêmio. Um capítulo de respeito à diversidade,
um exemplo de boa convivência entre pessoas diferentes.
O Grêmio
deveria incensar esse pioneirismo e tratá-lo com reverência institucional.
Jogo
grande é para os grandes
O
Gre-Nal dá ao enfadonho Campeonato Brasileiro de pontos corridos algo que o
enfadonho Campeonato Brasileiro de pontos corridos não tem: um jogo decisivo.
Aí,
nessa grande partida, crescem os grandes. Kleber, do Grêmio, e D’Alessandro, do
Inter, são jogadores de Gre-Nal. Trata-se de uma estirpe diferenciada de
jogador. São esses que levam o clube às grandes vitórias. Um time tem de ser
estruturado em torno desses jogadores, porque são eles que arrastam os outros
pelo caminho das verdadeiras conquistas.
Usando
o Gre-Nal de Caxias como amostragem, fica claro quem são os jogadores que
deveriam ser valorizados de pronto pela Dupla. Além dos já citados Kleber e D’Alessandro,
Ramiro, Riveros e Vargas, pelo Grêmio, Otávio e Willians, pelo Inter. Não
apenas porque jogaram bem, mas porque estavam sintonizados com o clima de decisão.
Jogador bom de verdade é o que sabe jogar decisão.
Quem
sabia das coisas
Figueroa
era jogador de decisão. Gamarra talvez jogasse mais do que ele, digo jogo técnico,
bola, bola, mas Figueroa era muito maior do que Gamarra. Alguém pode argumentar
que o time de Gamarra era muito pior. Era, mas o grande jogador vai forjando o
time a sua volta. Figueroa fez isso com o Inter dos anos 70.
Figueroa
diferenciava muito bem o grande jogo do pequeno. Em uma partida pelo Gauchão,
no Interior, intrigou-se com um centroavante que teimava em jogar a bola por
sobre sua cabeça. Em todo lance, o centroavante levantava a bola e tentava o
balãozinho. No final da partida, Figueroa foi procurá-lo e perguntou o que ele
queria com aquilo. O centroavante contou que um dirigente do seu clube havia-lhe
oferecido um bom dinheiro, se ele conseguisse dar um chapéu em Figueroa. Ao
que, Figueroa protestou:
– Por
que não me falou antes do jogo? Eu deixava você dar o chapéu e dividíamos o
dinheiro!
O
homem sabia o jogo que era realmente importante.
A
dupla bem de comando
Clemer
e Renato afirmaram suas valências nesse clássico. Clemer foi inteligente
bloqueando os laterais do Grêmio. Otávio marcava Pará, e Alex Telles tinha de
ficar contido ao lado da área, porque por ali corria D’Alessandro. Assim foi
obstruída a jogada forte do Grêmio pelo lado esquerdo – Alex Telles não foi ao
fundo uma única vez.
Renato
usou o contraveneno no segundo tempo, recuando um pouco Kleber e Vargas, que
passaram a jogar entre os volantes e os zagueiros do Inter, somando-se a eles o
imprescindível Ramiro.
Esse
Ramiro, aliás, é um Tinguinha. É o dínamo do meio-campo, para usar uma expressão
antiga, mas bem adequada. Com Souza, Ramiro e Riveros o Grêmio tem uma base
para 2014. Somando-se a eles Vargas (se ficar), Kleber e talvez Maxi, o time
fica equilibrado do meio para frente. É o recheio do time da Libertadores.
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