27
de outubro de 2013 | N° 17596
PAULO
SANT’ANA
As minhas
bebidas
Lembro-me
de quando eu tinha sete anos de idade, meu pai me levou até o Centro e entramos
em um bar da esquina da Borges de Medeiros com Fernando Machado.
Foi
quando bebi a primeira Coca-Cola da minha vida. De lá até aqui, já bebi mais de
6 mil Coca-Colas. Ainda hoje bebo cerca de seis Cocas Zero por dia.
Durante
muito tempo da minha vida, consumi Guaraná e Gasosa da Brahma.
Andei
também pelo Crush, mas não o Crush falsificado de até há pouco. Eu sou do tempo
em que havia o Crush recém lançado que continha polpa de laranja dentro do
suco, fantástico refrigerante, o melhor que já tomei em toda a minha vida.
Quando
eu ainda era guri, tomei muito Grapette, que era feito de essência artificialíssima
e falsa da uva. Foi nesse tempo que tomei também muito Marabá, inidôneo suco de
laranja, pura tintura.
Até
que um dia veio parar em minhas mãos um refrigerante da cidade de Santa Maria,
a Cyrillinha, que até hoje deve existir e era deliciosa.
Além
dos refrigerantes, foram e são do meu hábito os sucos de frutas, ora
engarrafados, ora encaixotados no papelão como tomo hoje os meus sucos de
abacaxi e de pêssego.
Na
Rua da Praia antigamente, havia numa loja a venda de Hidrolitol, uma espécie de
água mineral gasosa, que tinha muita saída.
Mas,
entre essas incursões por dezenas de marcas, eu sempre voltava e continuo
voltando à Coca-Cola. A Pepsi-Cola causou sensação no RS porque surgiu no
Brasil aqui entre nós. Hoje, vejo seus fabricantes tentando ressuscitá-la sob o
argumento de que é natural do nosso Estado e depois se espalhou pelo país. Mas
a verdade é que a Pepsi nunca conseguiu bater a Coca-Cola, embora em seu início
tivesse dado um combate acérrimo à líder.
Eu
não entendo, a Coca-Cola tem um sabor exótico que eu acho que vicia. Ela
transmite a impressão de que o xarope que a origina é feito de açúcar queimado,
nem sei como extirpam na Coca Zero esse açúcar.
E
também durante muito tempo em minha vida consumi, o que às vezes ainda faço,
essa também exótica hermafrodita entre a cerveja e o refrigerante que se chama
Malzbier.
Houve
um tempo em que eu ganhava de salário como entregador de roupas em lavanderias
cinco cruzeiros, a moeda da época, por dia. E uma Malzbier custava exatamente
cinco cruzeiros.
Pois,
aos domingos, eu me entregava ao luxo e à gastança de beber assim um dia
inteiro de trabalho.
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