quarta-feira, 16 de outubro de 2013


16 de outubro de 2013 | N° 17585
PAULO SANT’ANA

Polainas e galochas

Interessante como mudam os tempos no que se refere às roupas ou calçados que usamos de tempos em tempos.

Sou do tempo em que se usavam polainas, uma peça que se usava junto ao sapato para proteger do frio a parte superior do pé e inferior da perna.

De repente, não mais que de repente, lá pelos idos de 1960, deixou abruptamente de aparecer a polaina, caducou o uso dela. Mas era peça de elegância, a polaina. Quem a usava era uma pessoa que se tornava distinta.

O mesmo com as galochas. Eram usadas superpostas aos calçados e tinham o objetivo de proteger os sapatos e os pés da água da chuva e da umidade. Cheguei a usar galochas e me lembro que a cor delas tinha de ser a mesma dos sapatos.

Quando se voltava para casa e se descalçavam as galochas, delas escorria ainda a água da chuva.

As galochas eram de borracha, e as polainas, se não me engano, eram um misto de couro e fazenda.

Lembro-me agora que um instrumento que era muito usado para brinquedo de criança: a gaita de boca.

Dava-se de presente para as crianças a gaita de boca, e na maioria das vezes ela não chegava a ser instrumento musical: quem não tinha vocação logo a abandonava.

No entanto, muita criança criava, ao assoprar a gaita de boca, uma linha melódica e foi assim que se iniciaram muitos músicos entre nós.

É o caso da bengala. Hoje uso uma bengala que me foi dada pelo Roque Cavalcanti e que atenua muito bem a tontura que me veio há quatro anos e que me causa agruras.

Mas, como as polainas, a bengala era usada por pessoas que não necessitavam dela como apoio e era utilizada apenas como sinal de elegância.

Um indivíduo que usasse bengala no século passado era considerado uma pessoa respeitável.

Se a pessoa, além de usar bengala, guardasse um relógio erguido por uma corrente de prata ou de ouro no bolso do colete, tratava-se então de pessoa importante na sociedade, digna do maior respeito dos seus circunstantes.

As relojoarias vendiam muito o relógio de bolso, hoje o vendem esparsamente.

E assim vão se sucedendo as gerações, usando ou deixando cair em desuso os enfeites, os utensílios, as coberturas dos calçados e das roupas (capas de chuva).

Por exemplo, o guarda-chuva aqui no Brasil sempre foi usado com pano preto, mas, viajando pela Europa em 1973, notei que os guarda-chuvas eram de todas as cores, até branco.

Através do tempo a moda em geral foi sofrendo modificações.

Não só a moda, mas tudo, por exemplo, usou-se muito no século passado a escarradeira em todos os recintos. As pessoas cuspiam nela, isso chega a ser incrível.


E para finalizar: os chapéus masculinos eram indefectíveis. Até que suprimiram completamente os chapéus da elegância dos homens.

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