quarta-feira, 3 de julho de 2013

Cantei na Vida


03 de julho de 2013 | N° 17480
PAULO SANT’ANA

Cantei na vida

Pensando bem, não dá pra acreditar: já cantei nos palcos com mais de 30 cantores nacionais e internacionais.

Lembro-me sempre da noite luminosa em que Suzana Rinaldi, a Dama do Tango, me chamou no palco do Conrad, em Punta del Este, para cantar com ela o tango Malena, aquele que tem o célebre verso: “Su canción tiene el frio del ultimo encuentro”. Havia muitos brasileiros na plateia, que me ovacionaram.

Quando cantei – é incrível – na maior casa de tangos de Buenos Aires, El Señor Tango, com seu proprietário, o cantor Fernando Soler, com 2 mil espectadores, o tango Volver, a simpatia de Soler me ajudou a granjear ótimos aplausos.

Ora bolas, já cantei num palco improvisado de uma casa de samba aqui na Avenida Azenha, com o Neguinho da Beija-Flor.

E cantei várias vezes com Alcione, uma delas para 5 mil pessoas na Praça da Alfândega, aqui em POA, com 5 mil porto-alegrenses que me viram ajoelhar-me diante da Marrom e cantar – é incrível – um samba da Mangueira que a Alcione, a maior mangueirense, desconhecia, e por isso tive de cantar o samba sozinho para perplexidade dela:

Aquele mundo de zinco que é Mangueira. Desperta com o apito do trem. Uma cabrocha, uma esteira, Um barracão de madeira. Qualquer malandro em Mangueira tem...

Meus companheiros da Rádio Gaúcha me viram cantar numa boate de Paris, numa Copa do Mundo, um karaokê no meu francês destrambelhado. E a maior de todas as minhas façanhas de intrépido intrometido em palcos foi, sem dúvida, quando cantei no Beira-Rio quase lotado a convite de Julio Iglesias.

Anos mais tarde, cantaria no Teatro do Sesi com o mesmo Julio Iglesias, que após o show, no camarim, me deu de presente um par de sapatos seus porque calçava o mesmo 42 que eu calço.

Julio Iglesias me deu o par de sapatos e atou-os ajoelhado aos meus pés, como mostrei em fotografia nesta coluna. Cantei, cantei, cantei, isto é, com o grande Cauby Peixoto, que me tratou com tanto carinho que cheguei a desconfiar que ele queria casar comigo.

Cantei com muitos outros cantores e cantoras. Na antiga casa de shows Le Club, debaixo do Teatro da Ospa, cantei com muitos cantores, lá cantei sozinho naquele lugar, acompanhado pelo violão mágico do professor Darci Alves, a valsa Rosa, de Pixinguinha, homenageando minha filha Fernanda, que se casava com Sérgio Wainer, e a festa do matrimônio se deu naquela boate, com 300 convidados meus.


Não sendo cantor mas entendendo muito do ofício, cantei muito aqui e no Exterior. Penso só agora que cometi nesse sentido grandes proezas. E todas elas foram marcadas por grandes felicidades minhas. Eu confesso, como Neruda, que vivi.

Nenhum comentário: