07
de julho de 2013 | N° 17484
PAULO
SANT’ANA
A insônia do
poeta
O
poeta Luiz de Miranda, morador de POA, manda-me uma mensagem comovente. Ele
passa por intransponíveis dificuldades, relacionadas com sua velhice e pobreza.
É de
cortar o coração. Sua mensagem para mim é bem curta, por isso vou
transcrevê-la, tenho a finalidade de que alguém o ajude, o poder público ou a
sociedade.
Eis
o apelo lancinante de Luiz de Miranda, que não tem emprego nem aposentadoria:
“Querido
Paulo Sant’Ana. Estou vivendo em completa miséria. Vivo há vários anos fazendo
uma refeição por dia. Escolhi jantar. Não tenho nenhuma fonte de renda, pois
poesia não dá dinheiro. Agora, sou candidato ao Nobel de Literatura 2013, o
primeiro gaúcho num Nobel. Estou sofrendo há algum tempo uma ação de despejo, a
qualquer momento posso ser colocado na rua.
O
prefeito Fortunati ficou de me dar uma pensão mensal, mas se passaram mais de
dois anos e nada aconteceu. O governo do Estado nada fez. Tenho problema de
saúde: diabetes, pressão alta, insônia crônica. A cada mês, tenho que arrumar
dinheiro com meus amigos. Devo ser o único candidato a um Nobel que não tem
onde comer e morar. Mando-te o abraço amigo do sul do mundo. (ass.) Luiz de
Miranda.”.
Não
há poeta no mundo que produza mais textos que Luiz de Miranda, sua capacidade
de poetar é admirável, em quantidade ele bate todos os outros poetas. E em
qualidade se equipara a muitos deles e supera tantos e tantos.
Não
sei, mas imagino o que o poeta está passando, disse-me na mensagem que só faz
uma refeição por dia, que está sendo despejado. A vida é mesmo cruel, um poeta
semifaminto, ameaçado de ser expulso do lar que mantém a custo, doente,
resistindo, resistindo e sempre poetando.
Se
fosse moço, teria esperança, mas com 68 anos de idade não compreendo como ainda
não lhe faltaram as forças para sobreviver.
Suponho
que Luiz de Miranda passa por essa dificuldade física, material e espiritual
porque se entregou loucamente à poesia durante toda a sua vida e não teve
previdência quanto a seu futuro.
Há
poetas, como Miranda, que não se importam com seu destino, querem é dar vazão à
sua inspiração. E escrevem, escrevem, cantam como uma cigarra da fábula, sem
precaver-se com o inverno.
Tenho
esperança que alguém o ajude, o prefeito, os vereadores, os deputados
estaduais.
Ele
é um conterrâneo que merecia pelo menos um lar decente com duas refeições por
dia.
Será
que comovo com esta coluna algumas autoridades?
Porto
Alegre e o Rio Grande não podem deixar finar-se um poeta sem o nosso auxílio.
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