segunda-feira, 4 de junho de 2012


VINICIUS MOTA

Baixa o imposto, Dilma

SÃO PAULO - A CPI do Cachoeira e o julgamento do mensalão pouco ameaçam a reeleição da presidente Dilma. Já a modorra da economia pode fazer estragos.

Nessa hora, o custo de manter assessores apenas medianos -e que enxergam o setor privado com um misto de ignorância e desconfiança- começa a sobressair. Não há plano coerente nem ambicioso para o Brasil voltar a crescer ao ritmo que precisa num ambiente global pedregoso.

O instinto "desenvolvimentista" é pregar o pau na despesa pública. Já se fala em baixar a poupança que o governo faz para pagar sua dívida, o superavit primário. Em suma, poupar menos para gastar mais.

Os mais responsáveis pregam a necessidade de acelerar o investimento público em portos, estradas, aeroportos, ferrovias, transporte urbano, saneamento e habitação. Mas a inoperância do governo nessa área é difícil de superar no curto prazo.

A ferrovia Norte-Sul -aquela mesma do presidente Sarney- já consumiu 27 anos de obras e R$ 8 bilhões do erário, mas ainda não está completa. Quem sabe em 2013.

Não se cogita, por preconceito e falta de coragem de enfrentar o corporativismo estatal, de devolver dinheiro à sociedade para que ela mesma se encarregue de reativar o gasto e o investimento. Para cada R$ 100 investidos no Brasil, os governos respondem por menos de R$ 15.

O setor público, essa máquina fabulosa de arrecadar, tem propensão baixíssima para poupar e investir -e altíssima para consumir. O Brasil tem margem para baixar substancialmente sua carga tributária, hoje em 35% do PIB, a fim de estimular a atividade econômica. Praticamente nenhuma outra nação importante às voltas com a crise pode fazer isso.

A queda dos juros, uma despesa gorda do erário, facilitaria paulatinamente um programa de alívio do peso dos impostos. Mas, sem controlar ao longo dos anos o dispêndio com a máquina governamental, nada feito.

vinimota@uol.com.br

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