Jaime
Cimenti
O mundo é o Moinhos, Calçada da
grana, Boca Ratão, invasões noturnas etc.
Preste
atenção, leitor: o mundo é o Moinhos e tomara que ele não triture teus sonhos tão
mesquinhos e nem reduza tuas ilusões a pó. Passo pela Mostardeiro/Mariante,
piso com cuidado na Calçada da Grana, metro quadrado e tudo mais caríssimo. Ainda
bem que não preciso de empréstimo. Atravesso a 24.
Na
Fernando Gomes fico pensando em propor à Câmara de Porto Alegre que troque o
nome da rua para Boca Ratão, em homenagem a personagens históricos que viveram e vivem no pedaço e para dar um toque fashion-Miami ao bairro. Nada contra, claro,
o ilustre educador Fernando Gomes, que poderia ganhar outra rua, até melhor. Na
Padre Chagas, ou Padre Cacique, como chamam alguns lugares frequentados pelos “guris”,
dou de cara com o Cheiroso.
Há quem
diga que ele está bem assim, integrado e tal. Um amigo, integrante de uma
importante associação, sugeriu que lhe providenciassem banho e visita à Tia
Carmen. Decidam. Lá pelas bandas do Listo, os Mandarins do Inter e outros
ilustríssimos jubilados en Porto trocam umas ideias e assistem aos maravilhosos
desfiles das estonteantes gaúchas.
Falando
nisso, dois ou três pegadores da noite conversam num dos recantos do Climatério-Menobar
e o assunto é grávido: reclamam que, especialmente nos fins de semana,
paulistas, cariocas, paranaenses, hermanos e até catarinenses (imagine!) chegam
de avião particular ou via passagens aéreas baratinhas e se hospedam, com
grandes descontos, nos hotéis finos do bairro e adjacências.
Aí fazem
concorrência predatória contra os locais e vão a bares, restaurantes, casas
noturnas e similares e mandam baixar tudo do bom e do melhor, e, ainda, de
repente, conquistam nossas nativas, as mulheres mais lindas do planeta. Será que
os caras estão ricos e generosos, bons de conversa ou será que a gauchada é meio pão-dura, mão
de mulita e precisa trovar diferente? Ou os dois.
O
fato é grave. Os governos municipal, estadual e federal poderiam fazer algo?
Está tipo guerra fiscal. Sim, estamos num mundo globalizado, tudo bem, mas a coisa
não pode ficar assim, com os galos de fora cantando solto aí nos nossos
terreiros. Temos que tomar algumas providências. Os caras vêm aqui, gastam a
metade do que gastariam em Sampa e tudo mais e nós, como ficamos? De bombacha
na mão?
Acho
melhor pensar em reação. Até nem digo separatismo, menos, né, mas acho que “não podemo se entrega pros home”.
Sei lá, de repente cobrar uns impostos, impor barreiras albundegárias, vão
pensando aí! Jaime Cimenti
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