segunda-feira, 1 de setembro de 2008



O preço do silêncio

Às vezes para não magoar os outros nos calamos.
Criamos assim relacionamentos superficiais,
onde cada um pensa que o outro está feliz.

Negamos a nós o direito de sermos
transparentes e ao outro de nos conhecer
transparentes e verdadeiros.

Da mesma forma outros agem conosco,
por medo de decepcionar-nos.

Nos enganamos e somos enganados.
É sinal de amadurecimento ou estar preparado
para ouvir o que não agrada,
aquilo com que não se concorda e difere da nossa
maneira de pensar ou de agir.

Consideramos sensíveis as pessoas às quais
devemos ter cautela para dizer certas coisas.
Mas...
não é a sensibilidade o sentir
o que vai dentro do outro e entendê-lo
como se entendesse a si?

As pessoas sensíveis entendem sim,
são as susceptíveis que não entendem.
O susceptível recebe as idéias alheias
como se fosse uma ofensa ao seu eu.

Porém,
por que um saberia de todas as coisas
e o outro não?
Por que um compreenderia tudo
e teria sempre
uma visão clara das coisas da vida?
Por que a razão se colocaria sempre de um lado,
deixando outros do lado errado?

Somos seres especiais sim,
mas que aprendem a cada dia.
É importante valorizar-se,
mas aprender também a diferença entre
o orgulho e a humildade.

O Mestre de todos os mestres sabia tudo e
curvou-se para lavar os pés dos seus discípulos.
Não somos maiores que Ele a ponto de
não poder nos curvar vez ou outra diante
do que nos contradiz.

Às vezes nos calamos para não magoar outros sim.
Às vezes recebemos observações como
afrontas ao nosso ego.
Incitamos as pessoas a não serem francas,
porque negamos nossa franqueza em ouvir e falar.
Mas quem ama,
quem ama verdadeiramente,
ouve, reflete, dá o braço a torcer,
queda-se, refaz e constrói relacionamentos
reais e límpidos. Esse jamais estará sozinho...

Letícia Thompson

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