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sexta-feira, 19 de setembro de 2008
19 de setembro de 2008
N° 15731 - PAULO SANT’ANA
Que venha o plebiscito!
Quando eu era vereador, lá pelo ano de 1975, caí na asneira de propor que o Parque Farroupilha fosse cercado.
Derrubaram-se sobre a minha cabeça todas as maldições, 99% da população de Porto Alegre não queria saber de parques cercados.
Quando a idéia foi timidamente levada à frente, em face da reação que provocou na sociedade, fundaram-se comitês de reação ao fechamento dos parques, todos eles exitosos.
No Bairro Bom Fim, sob a liderança do saudoso vereador Isaac Ainhorn, instalaram-se comissões de resistência ao cercamento dos parques, classificando a sugestão de nazista, de imitadora dos campos de concentração, de sufocadora do ideal e princípio constitucional do “direito de ir e vir”.
Facilmente, a idéia foi derrotada. Mas eu continuei minha doutrinação pelo rádio, jornal e televisão durante esses 30 anos.
Volta e meia eu falava no assunto, pregava o cercamento dos parques e das praças, tomando cuidado de não me tornar chato, mas não há idéia fracassada que não se torne chata se for defendida durante 30 anos.
Parece até que, para garantirem que os parques não fossem cercados, inventaram uma lei absurda de que para fechar os parques era necessário um plebiscito em que a maioria da população se manifestasse favorável.
Quando fechar os parques tem de ser somente ato de vontade política de qualquer governante.
Os que eram ou são contrários ao fechamento dos parques, sempre observei isso, eram ou são movidos por um preconceito.
A idéia da cerca é encarada como um tolhimento à liberdade de ir e vir dos freqüentadores, um atentado à liberdade, um poder de coação que praticamente privatiza um espaço público.
Aqui na minha sala trabalha um jornalista notável, o Clóvis Malta. Sabendo que ele é freqüentador assíduo do Parque Farroupilha e contrário ao cercamento daquele logradouro, perguntei-lhe: “Por que és contra cercar a Redenção?”.
Ele me respondeu que, caso seja cercado o parque, como ele fará para repetir o que faz todos os dias? Como entrará pelo Monumento ao Expedicionário e sairá pela Avenida Osvaldo Aranha?
“É simples”, falei ao Malta, “entrarás pelo portão do Monumento ao Expedicionário e sairás pelo portão da Avenida Osvaldo Aranha, ora bolas”.
É que muitas pessoas entendem erradamente que, uma vez entrando por um dos portões do parque cercado, ficarão encerradas lá dentro e só poderão sair por onde entraram.
Nada disso, tomemos a Redenção por um quadrilátero, que quase ela é. Haverá nas quatro ruas e avenidas que a cercam um ou dois portões em cada um dos quatro lados.
À noite, os portões serão fechados. Manhã cedinho, abertos os portões e entrada livre para todos os freqüentadores.
Como os parques são depredados e vandalizados somente à noite, isso acabará. E a simples passagem das pessoas pelos portões, quando entram, as tornará mais responsáveis para com os equipamentos, monumentos e vegetação.
Esta semana Zero Hora publicou uma pesquisa do Ibope em que se perguntou aos porto-alegrenses se eram a favor ou contra o cercamento dos parques.
Milagre! Prodígio! Era de ver a minha alegria! Passados 30 anos de doutrinação, a grande maioria dos porto-alegrenses deseja ver cercados os parques.
Foram 63% os favoráveis à cerca, 33% os contrários. Vitória final, foram mudadas finalmente as mentes dos nossos habitantes.
Está pronta Porto Alegre para ter os parques mais conservados, limpos, ricos, íntegros do Brasil. Qualquer que seja o prefeito eleito no mês que vem, para atender o povo, terá de cercar os parques!
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