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quarta-feira, 24 de setembro de 2008
24 de setembro de 2008
N° 15737 - DAVID COIMBRA
Como é bom não precisar comer rolmops
Para escrever meu livro “Jogo de Damas” tive de reler alguns clássicos.
Todos grandes livros, grandes autores. Normalmente, consideraria isso perda de tempo – há tantos livros que ainda não li, por que ler um duas vezes?
Terminou sendo bom demais. Era como se os estivesse lendo pela primeira vez, e, de certa forma, foi o que aconteceu. Lido de novo, o livro parecia outro livro.
A partir desta experiência, criei uma nova categoria de leitura: livros que merecem ser relidos. Entre esses há um que é dos melhores que já tive debaixo das sobrancelhas – “Ascensão e Queda do III Reich”, de William Shirer. Este Shirer foi correspondente do Chicago Tribune em Berlim de 1926 a 1941.
Teve acesso direto a todos os personagens importantes do III Reich, inclusive, e principalmente, Adolf Hitler. Terminada a guerra, examinou 485 toneladas de documentos secretos dos nazistas, apreendidos pelo exército americano.
Disso resultou esta obra fundamental para o Ocidente. Fundamental; não é exagero. São quatro tomos de texto escorreito e informações preciosas sobre talvez o período mais dramático da história humana.
No terceiro volume, Shirer aborda um episódio tão decisivo quanto misterioso da guerra: a Retirada de Dunquerque. Deu-se em maio de 1940. Até então, o exército alemão era invencível.
Por meio da guerra-relâmpago, bateu inimigo atrás de inimigo, até defrontar-se com o maior deles, a Força Expedicionária Britânica, reforçada por divisões dos exércitos francês e belga. E também a estes os alemães venceram, até encurralá-los em Dunquerque. Os Aliados ficaram prensados.
As Divisões Panzer avançavam, amassando tudo o que tivesse vida e que se interpusesse em seu caminho, enquanto o mar rugia às suas costas. Não havia saída.
O exército britânico seria destroçado e, hoje, todos nós seríamos loiros de olhos azuis e comeríamos, argh, rolmops.
Então, algo aconteceu. O exército alemão simplesmente deteve o seu avanço. Pararam ao alcance da vista dos Aliados. Que começaram a bater em retirada pelo mar, desesperados. Fugiam em navios, botes, veleiros, bóias, tudo que flutuasse e pudesse levá-los a salvo para a Velha Álbion.
As populações civis dos países Aliados ajudavam enviando todos os tipos de barcos para salvar seus soldados. A previsão de Churchill e dos generais britânicos era de, com sorte, conseguir evacuar 45 mil homens.
No total, 340 mil escaparam do inimigo, que levou dois dias para se mexer. Chegaram à Inglaterra combalidos, estropiados, traumatizados, mas cientes de que poderiam lutar outra vez. Como lutaram.
Por que o exército alemão parou? Por muito tempo o mundo tentou decifrar esse enigma. Shirer solveu-o em seu livro. Na página 169, conta o seguinte:
“Goering ofereceu-se a Hitler para empreender o restante da luta, nessa grande batalha de cerco, somente com a Luftwaffe, eliminando-se assim o risco de se terem que utilizar as valiosas formações de Panzers.
Fez essa proposta por uma razão que caracterizava a falta de escrúpulos e a ambição de Goering.
Queria assegurar para a sua força aérea, após as operações até então surpreendentemente fáceis para o exército, o ato final e decisivo na grande batalha e, assim, conquistar a glória da vitória perante o mundo inteiro”. A vaidade.
Foi a vaidade de Goering que nos livrou de ter que usar aquele bigodinho de mosca do Führer e andar marchando por aí em passo de ganso. A vaidade é poderosa.
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