sábado, 20 de setembro de 2008



20 de setembro de 2008
N° 15732 - ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES


O decênio erótico (2)

O caso entre o herói farroupilha David Canabarro e dona Maria Francisca Duarte, já no crepúsculo da revolução, escandalizou o exército farrapo, que ele comandava.

Ela ganhou o apelido de Papagaia porque tinha um papagaio que fazia o marido levar para todos os lados. O marido era o Dr. João Duarte, boticário de profissão e que era, no entanto, cirurgião do exército comandado pelo amante de sua esposa.

A 14 de novembro de 1844 no acampamento do Cerro dos Porongos, Canabarro visitou a amante pela última vez. Antes, fora avisado de que Francisco Pedro de Abreu, temido guerrilheiro legalista, andava rondando. Chico Pedro era conhecido entre os farrapos como Moringue e Fuinha.

Canabarro, todo enleado de amor, menosprezou a informação, dizendo: “Qual! Sentindo a minha catinga o Fuinha cá não vem”. Pois o Fuinha forrou os cascos de seus cavalos com panos e atou sabres, estribos e freios para não fazer barulho durante a noite e atacou com fúria.

Foi um desastre! Canabarro saiu da barraca da Papagaia só de ceroulas, montou de um salto e saiu batendo no cavalo com a espada... Fim inglório para um caso de amor importante.

Outro protagonista de casos de amor importantes foi o gringo Giuseppe Maria Garibaldi. No Rio Grande do Sul, teve um terno caso de amor com Manoela, da família de Bento Gonçalves.

O caso de Garibaldi e Anita é bem conhecido, mas não se fala muito no excessivo ciúme que ela tinha dele... Garibaldi seria pai de um guri nascido em Camaquã, que levava o seu nome. No Uruguai, já casado com Anita, foi pai de uma menina.

Não sei por que nenhum historiador destaca a atuação das vivandeiras. A vivandeira era uma mulher que tinha, quase sempre, ligação com um soldado: ou era mãe ou esposa ou filha.

Ela lavava para ele, cozinhava e em caso de ferimento ou doença cuidava dele. Se ele morria, ela não raramente se ligava a outro soldado, razão pela qual muitas vezes a vivandeira era tida como prostituta. Mas não era, não.

Eventualmente era papel das vivandeiras recorrer o campo de batalha depois dos combates para socorrer feridos, enterrar mortos e carchear.

O carcheio era a revista dos mortos, do qual se retiravam valores, botas e armas, o que gerava não raro um pequeno comércio que fornecia recursos pessoais para as vivandeiras.

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