Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
24 de setembro de 2008
N° 15737 - SERGIO FARACO
Polenta roubada
Minha memória fisionômica, que já foi competente, hoje é uma calamidade. E como se não bastasse me esquecer da catadura do próximo, confundo-a.
Na última Feira do Livro, encontrei-me com meu editor, Ivan Pinheiro Machado, que estava acompanhado de um cidadão robusto e de barba. Cumprimentei o outro educadamente, mas o editor, desconfiado de que era fineza demais para a ocasião, perguntou:
– Conheces? – Claro – e como tinha certeza de já ter visto o homem na televisão, só não me lembrava do nome, acrescentei: – É o filho da Dileta.
Referia-me, por certo, ao ex-presidente do Grêmio, Luiz Carlos Silveira Martins. O editor murchou:
– Pô, Faraco, é o Fraga.
Papelão. E olha que há muitos anos conheço o nosso famoso humorista José Guaraci Fraga, embora não o veja com freqüência.
Mas não sou só eu, tá?
Há pouco, em Gramado, almocei com minha mulher no Ristorante dei Tallini, onde se come uma polenta recheada que Hebe e Ganimedes se gabariam de servir no Olimpo, e depois fomos dar uma volta pela Rua Coberta. No caminho, comentei:
– O mulherio tá me encarando. Aquela foi a quinta.
– Vira pra cá – ela pediu. – Tua bragueta não tá aberta?
Não estava. E logo a sexta e a sétima. Olho no olho, febril.
– Trouxeste a máquina? Me tira uma foto. – Por quê?
Porque era preciso registrar minha indumentária, uma harmonia de bege com marrom, além de minha cabeça raspada e o ralo comprimento da barba, uma combinação que estava dando certo, tornando-me irresistível. Ela me fotografou, mas fez um reparo:
– Não é isso, é que te conhecem do jornal. – Todas as sete? Impossível, a não ser que...
Caramba, seria meu frontispício tão notório como o do próprio Anonymus Gourmet, do próprio David Coimbra, do próprio Paulo Sant’Ana, do próprio Tatata Pimentel?
Entrei na Rua Coberta convicto da iminência do oitavo olhar. E ele veio. Mas a dama não se satisfez com a embevecida contemplação e ainda me abordou, mui campante:
– O senhor não é o Paulo Coelho? – Bah – fez minha mulher.
Em suma, roubaram-me a fama, o charme e até o gosto da polenta que ainda sentia, e aqui estou eu tão ressentido que vou desafogar: que passem bem todas as oito, aquelas jabiracas.
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