quarta-feira, 17 de setembro de 2008



OS BURACOS DO LHC

Daí um esquerdista saudoso dos 'bons' tempos disse: 'O Brasil ainda vai ser engolido por um buraco negro. Depois do FHC, agora vem esse LHC. É neoliberalismo puro'. Faz algum sentido.

Durante o governo FHC, um buraco negro engoliu dezenas de empresas estatais. Não confundir tampouco com CQC. Custe o que custar, o LHC não será uma piada.

O superacelerador de partículas está provocando a maior correria. A Honda tentou comprá-lo para Rubinho Barrichello. Os cientistas não aceitaram o negócio. Temeram que o experimento fosse tragado pela lentidão do piloto brasileiro.

Rubinho é um buraco que há anos engole carros de todas as cores. Em Brasília, o presidente Luiz Inácio teria dito que nunca na história do universo se viu um acelerador tão veloz, o que só pode ser, assim como o pré-sal, um sinal de que, no seu governo, o mundo começou a andar muito mais rápido e a jorrar barris de riquezas.

Inventado para reproduzir o big bang, a explosão que teria originado o universo, o LHC está assustando muita gente.

Há quem tema o surgimento de um buraco negro capaz de sugar tudo o que existe, a começar pela Juliana Paes. Os especialistas garantem que esse risco é improvável. A moça casou recentemente.

Eles já usaram muitos argumentos para refutar esse medo considerado ingênuo. Esqueceram, no entanto, o principal: sem a autorização do STF, não vai.

Se o tal LHC produzir um vazio que tudo devore, contrariando as previsões e as apostas mais otimistas, pagando-se ou não propina aos facilitadores, Gilmar Mendes expedirá imediatamente um habeas corpus tirando os mais ricos do buraco.

Se for necessário, não duvidem, o presidente do STF não hesitará em publicar uma súmula vinculante para coibir a espetacularização dos buracos negros pela mídia.

O pessoal do narcotráfico também se interessou pela novidade. Mas o LHC é um acelerador de partículas, não um aspirador de pó. Além disso, o LHC não poderia ser usado em lugares como o Rio de Janeiro ou a Colômbia. Um buraco negro afasta outro provocando perigosos tiroteios.

Os efeitos do LHC, antes mesmo de ele ser acionado, já se fazem sentir pelo mundo. Buracos negros começaram a pipocar em vários continentes e engoliram, entre outras coisas, o futebol da Seleção Brasileira do Dunga, a modéstia do presidente brasileiro, as pedaladas do Robinho, as arrancadas do Ronaldinho Gaúcho e os sonhos do Inter de jogar a Copa Libertadores da América em 2009. É pouco?

Nos Estados Unidos, em meio à campanha eleitoral, instalou-se uma polêmica de linguagem em alguns redutos do multiculturalismo. Os ativistas do politicamente correto não querem que se fale em buracos negros.

Como não se trata de buracos afrodescendentes, entendem que se deveria dizer buracos escuros ou simplesmente vácuos. Entre os republicanos, porém, Obama estaria recebendo o apelido de LHC. Tudo isso pode ser falso. Certamente é falso.

Uma coisa, porém, é verdadeira: o LHC vai continuar dando o que falar. Bin Laden estaria interessado em se esconder num buraco criado pelo LHC. A China gostaria de usar o LHC para engolir os Estados Unidos antes de 2010. O LHC pode ter aspectos positivos.

Já pensaram se ele criasse um buraco negro que engolisse todos os livros do Paulo Coelho?

Ou engolisse o Grêmio antes que ele se torne campeão brasileiro de pontos corridos? Eu me daria por feliz se o LHC produzisse um buraquinho que engolisse o Galvão Bueno.

juremir@correiodopovo.com.br

Uma excelente quinta-feira para você.

Nenhum comentário: