segunda-feira, 22 de setembro de 2008


RUY CASTRO

Bem amigos

RIO DE JANEIRO - Os candidatos a prefeito do Rio têm uma coisa em comum: quase todos são amigos do presidente Lula. Alguns, de infância -infância política, bem entendido.

E, não importa a que partido pertençam, todos exploram essa amizade em seu horário eleitoral.

Eduardo Paes (PMDB-PTB-PP-PSL), candidato do governador Sérgio Cabral, garante que, com o governador e o presidente a seu lado, ele resolverá os problemas do Rio.

Desde 1961, quando Carlos Lacerda rompeu com Jânio Quadros, o Rio não tinha um governador tão íntimo do presidente. Eduardo Paes quer estender essa intimidade à prefeitura. Mas, se Cabral cair em desgraça, ele vai junto.

Marcelo Crivella (PRB-PR-PSDC-PRTB), candidato da Igreja Universal, invoca mais o nome de Lula que o de Jesus Cristo, e dá a entender que, por baixo do pano, é o favorito do presidente.

Lula não é evangélico, nunca foi, e seu único contato com a Bíblia foi numa matinê de "Os Dez Mandamentos", com Charlton Heston. Mas Crivella tem um trunfo forte: é um astro da Record, TV para a qual Lula torce.

Jandira Feghali (PC do B-PTN-PHS-PSB) conhece Lula desde que usava chuca-chuca -a candidata, não o presidente. Ela nunca o viu numa reunião de discussão de Gramsci ou Lukács, mas já participaram juntos de greves inesquecíveis.

Idem quanto a Fernando Gabeira (PV-PSDB-PPS), com quem Lula dividiu muitos palanques no tempo em que eram de esquerda. Mas não há hipótese de nenhuma dessas situações se repetir.

Quanto a Chico Alencar e Alessandro Molon, que se julgam amigos do homem, têm um defeito que anula qualquer chance de serem apoiados por Lula: o primeiro, até outro dia, era do PT; o segundo ainda é.

Diante disso, e pensando bem, para que tantos intermediários? Por que não, de uma vez, Lula para prefeito do Rio?

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