terça-feira, 23 de setembro de 2008



23 de setembro de 2008
N° 15735 - PAULO SANT’ANA


As duas rivais

Eu nasci para dar opinião, certa ou errada, é a minha principal missão jornalística.

Estava assistindo a esta morna campanha eleitoral para prefeito de Porto Alegre e me meti a dar opinião. Ah, os meus leitores não vão ficar sem opinião minha sobre essa eleição de 5 de outubro. E dei a opinião.

A Maria do Rosário não gostou da minha opinião. Acontece que eu não gosto de pesquisas eleitorais, acho que elas mexem com o resultado da eleição, criando o voto útil.

Mas não existe orientação melhor para o eleitor e para o jornalista que dá opinião do que a pesquisa.

E a minha opinião é de que a eleição encrespa se a Manuela for para o segundo turno com o Fogaça. A Maria do Rosário não gostou, também, porque eu opinei que se Fogaça for com a candidata do PT para o segundo turno reelege-se prefeito.

É o que dizem duas das três pesquisas, Ibope e Correio do Povo, com exceção da do Datafolha, Rosário, que dá você e Manuela empatadas no primeiro turno. Minha opinião foi consagrada com a maior parte das pesquisas que foram divulgadas depois dela, que dão diferença de seis pontos percentuais da Manuela sobre Rosário.

Eu não acho certo divulgarem pesquisas. Mas se as divulgam, como pode o jornalista deixar de considerá-las?

Vejam bem que as últimas pesquisas, confirmando a opinião deste colunista, afirmam que há empate técnico (cruzes) entre Fogaça e Manuela para um provável segundo turno.

Mas o que acho interessante na carta que me mandou é que Maria do Rosário baixa a lenha em Manuela sem escrever, no entanto, o nome da candidata que a supera nas pesquisas.

Mas vejamos o que diz a Maria do Rosário sobre a minha opinião: “Estimado Sant’Ana. Sempre nutri muito respeito a ti e aos teus posicionamentos, embora nem sempre tenha concordância com eles.

Recentemente, tivemos algumas conversas sobre tuas análises acerca das prévias do meu partido, nas quais, democraticamente, fui vitoriosa, o que muito me honra, mesmo tendo contrariado diversos prognósticos, inclusive o teu (o colunista não tem lembrança disso).

Lendo tua coluna em Zero Hora nesta quinta-feira, mais uma vez venho manifestar minha opinião. Isso porque considero precipitadas as conclusões de que se o candidato José Fogaça fosse ao segundo turno contra esta candidata, já poderia se considerar reeleito.

Sant’Ana, estamos diante de uma eleição atípica, provavelmente a mais imprevisível da nossa Capital nos últimos 20 anos, desde que Olívio Dutra, contrariando todas as pesquisas e projeções, elegeu-se prefeito de Porto Alegre.

É evidente que diversos fatores contribuem para isso, em especial a grande presença feminina na eleição e a divisão da esquerda.

Mas não se pode subestimar o partido que governou esta cidade por 16 anos, tem uma tradição política forte, e governa o Brasil com Lula, o presidente mais popular da história do nosso país.

Ademais Sant’Ana, o que eu tenho sentido falta na cobertura das eleições deste ano é a abordagem de conteúdo político. Veja que até agora, faltando pouco mais de duas semanas para o pleito, o atual prefeito e candidato à reeleição nem sequer apresentou seu programa de governo, e disso ninguém fala.

Também não vejo ninguém cobrar experiência nem coerência política da candidata que tu descreves como um fenômeno.

O que leio dos jornais não é o mesmo que tenho ouvido nas ruas da cidade, por onde circulo ao longo de toda minha vida e não somente na campanha: da falta de experiência, de maturidade e compromisso de quem sequer completou um mandato para o qual foi eleita.

Esse tipo de argumento tem um peso muito grande no momento final da campanha, quando o eleitorado está decidindo seu voto.

Mas muito mais que refletir sobre isso, quero te reafirmar que estaremos no segundo turno e venceremos estas eleições, porque temos projeto político, história, experiência e uma militância que faz toda a diferença, que é de chegada, que é movida por um espírito de transformação e trabalho.

E nestes últimos dias, nesta reta final, é essa militância que garantirá nossa vitória e a vitória de Porto Alegre. Um cordial abraço, (ass.) Maria do Rosário”.

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